Por: Jânio Santos de Oliveira
Presbítero e professor de teologia da
Igreja
Assembléia de Deus no Estácio
Rua Hadok Lobo, nº 92 - Pastor
Presidente Jilsom
Menezes de Oliveira
Meus amados e queridos irmãos em
Cristo Jesus a Paz do Senhor!
Estes são alguns dos símbolos da Maçonaria
A Maçonaria é um assunto sobre o
qual praticamente todas as pessoas gostariam de ler, mas sobre o qual
pouquíssimas têm a coragem de escrever e comentar abertamente. Um misto de
verdade e mitos sobre a Maçonaria tem feito surgir grande inquietação entre
os não-maçons. Algo como uma presença temficante permeia a alma do não-maçom
que se aventura a estudar e questionar a Maçonaria.
Apesar de tudo isso, tomei a
decisão de escrever este capítulo sobre a Maçonaria, e o fiz partindo de dois
princípios: 1) Se a Maçonaria arroga a si o direito e o poder de impor medo às
pessoas, não merece o respeito dos não-maçons, e 2) se a Maçonaria busca o
respeito dos não-maçons, então não tenho por que temê-la. Nada mais lógico, não
acha?
Abordarei a Maçonaria
estritamente do ponto de vista das Escrituras, e à luz da questão da
legitimidade ou não do cristão filiar-se a essa entidade.
I. O QUE É A MAÇONARIA?
A Maçonaria é uma sociedade
secreta e ritualística, incluindo em sua filosofia a auto-salvação do homem. É
paga quando analisada à luz das Escrituras Sagradas. Ainda que não seja uma
igreja como conhecemos, constitui-se num movimento religioso e sincretista.
1.1. Resumo Histórico da
Maçonaria
Alguns historiadores afirmam
provir a Maçonaria dos antigos mistérios pagãos religiosos do velho Egito e da
antiga Grécia. Outros admitem que ela tenha se originado por ocasião da
construção do templo de Jerusalém, no reinado de Salomão, rei dos israelitas
(1082-975 a.C), e apontam como fundador, Hiram Abif, suposta arquiteto do
citado templo.
A maioria dos escritores maçons,
porém, é de opinião que a Maçonaria deve sua origem e existência a uma
confraria de pedreiros, criada por Numa, em 715 a.C, que viajava pela Europa e
mais tarde construiu basílicas. Com o passar dos tempos, porém, essa sociedade
perdeu o seu caráter primitivo e muitas pessoas estranhas à arquitetura nela
foram admitidas.
1.2. Símbolos da Maçonaria
Apesar da aceitação de pessoas
estranhas à arquitetura na Maçonaria, instrumentos da arte de construir foram
conservados como símbolos, dentro da entidade. Entre os instrumentos da
simbologia maçônica, destacam-se: o compasso, a régua, o esquadro, o nível, o
prumo, o escopo, o malhete, a alavanca e tantos outros usados pelos mestres da
arquitetura.
O esquadro significa a
necessidade de o maçom afastar-se de tudo aquilo cujo nível esteja em desacordo
com a Sabedoria, Força e Beleza, palavras de grande significado dentro do
vocabulário maçônico. Ele significa, outrossim, que o maçom deve regular a sua
conduta e ações, sobretudo como tributo ao supremo Grande Arquiteto do
Universo, que os maçons dizem ser Deus.
O nível ensina que todos os
maçons são da mesma origem, ramos de um só tronco e participantes da mesma
essência.
O prumo é o critério da retidão
moral e da verdade, que ensina o maçom a marchar, desviando-se da inveja, da
perversidade e da injustiça.
Segundo a orientação maçônica,
todos os maçons têm o dever de ensinar e praticar essas virtudes, e outras
mais, conforme a orientação dos mestres da Maçonaria.
1.3. A Trilogia Maçônica
Sabedoria, Força e Beleza são
três palavras de efeito cabalístico no vocabulário maçônico. Formam como que
uma tríplice virtude. Segundo esta trilogia, o maçom precisa levar em
consideração a Sabedoria, para conduzi-lo em seus projetos; a Força, para
sustentá-lo em suas dificuldades; e a Beleza, para revelar a delicadeza dos
sentimentos nobres e fraternais do verdadeiro maçom.
1.4. Objetivos da Maçonaria
A Maçonaria alega ter como
objetivo a busca da Verdade, o estudo da Moral e da Solidariedade Fraternal.
Diz trabalhar para o aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade,
a fim de que os seus componentes sejam mais felizes ou menos sofredores,
graças a uma maior compreensão mútua, pela prática constante da Fraternidade.
Tem por princípio a tolerância e
o respeito recíprocos, sem impor dogmas ou exigir subserviência espiritual,
concedendo aos seus adeptos amplo direito de pensar e discutir livremente.
Considera as concepções metafísicas como sendo de domínio exclusivo da
apreciação individual dos seus membros, não admitindo afirmações dogmáticas que
não possam ser debatidas racionalmente.
Tem por divisa
"Liberdade", "Igualdade" e "Fraternidade", e por
lema "Justiça" — "Verdade" e "Trabalho". Os seus
componentes devem esforçar-se para se aprimorarem espiritualmente,
devotando-se à prática do bem, sem ostentação; não por vaidade, e sim como
imperioso dever de solidariedade humana. Auxiliar o próximo não é um favor e
sim o cumprimento de um dever. O maçom trai o seu juramento quando perde uma
oportunidade de praticar o bem. O que para muitos "profanos" é um ato
meritório, para o maçom é um dever imperioso, sagrado.
A Maçonaria considera seu
principal dever estender a toda a humanidade os laços fraternais que unem os
maçons dos diversos ritos dispersos pela superfície do Globo. Recomenda aos
seus adeptos a propaganda pela palavra oral, pela escrita e pelo exemplo de seus
ensinamentos, sem distinção de raça, nacionalidade ou religião. O essencial é
que o homem creia; que acredite em um Ser Supremo. Se o indivíduo é ateu, é um
descrente; cumpre ao maçom mostrar-lhe o caminho da crença, fazer-lhe ver que
não podemos viver sem ter confiança, sem acreditar em um Ser Supremo, Deus, um
Deus bondoso, perfeito, justiceiro, que sabe perdoar.
Os maçons têm por dever, em
todas as circunstâncias da vida, ajudar, esclarecer e proteger os seus irmãos,
defendendo-os contra as injustiças dos homens. Embora haja vários ritos na
Maçonaria, um maçom deve tratar fraternalmente outro maçom como irmãos que são,
sem procurar inteirar-se do seu rito, ou da obediência a que pertence.
Considera o trabalho como um dos deveres essenciais do homem honrado, tanto o
manual como o intelectual.
II. INICIAÇÃO MAÇÔNICA
Não é maçom quem quer e sim quem
pode ser.
"O maçom é obrigado por seu
caráter a obedecer à lei moral e, se devidamente compreende a Arte, não será
jamais um estúpido ateu nem um libertino religioso. Embora nos tempos antigos
os maçons fossem obrigados a pertencer à religião dominante no seu país,
qualquer que fosse ela, considera-se hoje muito mais conveniente obrigá-los a
professar apenas a religião que todo homem aceita, deixando cada um livre em
suas opiniões individuais, isto é, devem ser homens probos e retos, de honra e
honradez, qualquer que seja o credo ou denominação que os distinga." (Da
Constituição de 1723, feita por Anderson.)
2.1. O Candidato a Maçom
No seu livro O Que E a
Maçonaria, diz A. Tenório d'Albuquerque: "A Maçonaria só deve admitir em
seu seio quem é livre e de bons costumes, quem dispõe de recursos financeiros e
tem qualidades morais consideráveis e um grau de instrução que lhe permita
compreender, interpretar as belezas incomparáveis que a Maçonaria apresenta, os
seus elevados fins humanitários e o seu simbolismo."
2.2. A Proposta de Filiação
O candidato, em linguagem
maçônica denominado profano, assina uma proposta de filiação à Maçonaria. O
proponente é o padrinho.
Na proposta, o profano é
obrigado a declarar quanto ganha mensalmente, nome, profissão, estado civil,
grau de instrução, residência, procedência, etc. Haverá casos em que será
exigida a apresentação de atestado de bons antecedentes fornecido pela autoridade
competente.
Recebida a proposta, três maçons
são indicados, pelo Venerá-vel (Presidente) da Loja, para fazer sindicância em
torno da vida do profano. Essas indicações devem ser feitas sigilosamente e sem
que um saiba quais os outros indicados. Cada um recebe uma folha de
sindicância, já impressa, com um questionário sobre a vida do profano. A
sindicância deve ser feita com o maior rigor possível, investigando-se os
antecedentes do candidato, os seus hábitos, se tem vícios, o conceito em que é
tido na sociedade, o seu grau de instrução, se tem algum defeito físico
incompatível com a Maçonaria.
É um meio de selecionar os
elementos, de não permitir o ingresso na Maçonaria de pessoas destituídas de
condições imprescindíveis.
Como se vê, não é maçom quem
deseja e sim quem pode ser, isto é, quem dispõe de certa soma de requisitos
morais, intelectuais e financeiros.
2.3. O Processo de Iniciação
Uma vez satisfeitas as
exigências pelo pretendente a maçom, é marcada a cerimônia de iniciação do
candidato.
O "profano" começa por
ser introduzido a um lugar retirado em que deve despojar-se de todos os objetos
de metal: dinheiro, decorações, armas, jóias, etc. Levam-no, em seguida, para
uma sala isolada, chamada "Câmara de Reflexão". É um lugar sinistro. As
paredes são completamente negras e, como decoração, apresentam esqueletos,
cabeças de mortos e lágrimas como as que se vêem nas cortinas funerárias.
Vêem-se, também, uma foice, um galo e uma ampulheta, todos de grande
significado dentro da Maçonaria.
Na parede estão gravadas
reflexões solenes, dentre as quais se destaca a seguinte: "Se perseveras,
serás purificado pelos Elementos; sairás do abismo das trevas e verás a
Luz".
A pessoa que conduziu o neófito
à sala de reflexão tira-lhe a venda dos olhos e diz: "Breve passareis para
uma vida nova... Respondei por escrito às questões que vos são apresentadas e
fazei o vosso testamento".
Este testamento não é a
disposição de seus bens depois de sua morte, mas um testamento filosófico, no
qual ele renuncia sua vida passada; é um ato pelo qual se dispõe a outras
concepções, a uma vida que se harmoniza com os dados novos.
Prosseguindo a cerimônia de
iniciação, o neófito é levado a despojar-se de uma parte de suas vestimentas. A
perna de sua calça é erguida alto do lado direito e a meia abaixada de maneira
que o joelho direito esteja descoberto. O pé esquerdo está completamente
descalço. O braço esquerdo e o peito desnudo. O profano tem novamente os olhos
vendados e é conduzido para a porta da Loja que está fechada. Vai em busca da
Luz.
Apresentam ao neófito um
malhete, com o qual dá três rápidas pancadas na porta. Com as pancadas a porta
se abre, mas o profano é detido pelo Guarda do Templo, que só lhe permite a
entrada quando o irmão que o conduz lhe faz a apresentação: "É um profano
em estado de cegueira, que deseja ser indicado nos Augustos Mistérios da
Maçonaria".
O candidato se aproxima da mesa
do Venerável Mestre, que o convida a refletir novamente sobre a gravidade do
passo que pretende dar, e insta para que se retire, se ainda não possui
suficiente decisão; se o profano insiste em ser recebido, o Venerável Mestre
ordena-lhe que se ajoelhe e pronuncia uma oração.
2.4. Os Juramentos
Dependendo do rito em que o
neófito está sendo iniciado (seja o Escocês, Adoniramita, ou Francês), ele será
levado a fazer juramentos.
2.4.1. Rito escocês
O neófito tem o joelho direito
em terra, os olhos vendados, a mão esquerda sobre o coração, a direita sobre a
Bíblia, a espada, o compasso e a esquadria. A um golpe de malhete todos os
presentes ficam em pé e o neófito repete o seguinte juramento:
"Eu, E, juro e prometo, de
minha livre e espontânea vontade, sem constrangimento ou coação, sob minha
honra e segundo os preceitos de minha religião, em presença do Sup.: Arq.: do
Univ.: que é Deus, e perante esta assembléia de MMaç.: solene e sinceramente jamais
revelar os mistérios, símbolos ou alegorias que me forem explicados e que me
forem confiados, senão a um Maç.: regular ou em Loj.: regularmente constituída,
não podendo revelá-los a prof.: nem mesmo a MMaç.: irregulares, e de nunca os
escrever, gravar, bordar ou imprimir, ou empregar outro qualquer meio
idêntico, pelo qual possam ser conhecidos; de cumprir todos os deveres impostos
pela Maçon.: com minha pessoa e bens: de respeitar as mulheres, filhas, mães
ou irmãs de Maçons; de reconhecer como de fato reconheço, por único chefe da
Ordem, no Brasil, o Supr.: Cons.: do Gr.: Or.: brasileiro, ao qual guardarei
inteira e fiel obediência, bem como aos Deleg.: e a todos os atos dele
emanados direta ou indiretamente. Se eu faltar a este juramento, ainda mesmo
com medo da morte, desde o momento em que cometa tal crime, seja declarado
infame sacrílego para com Deus e desonrado para com os homens. Amém. — Amém. —
Amem".
2.4.2. Rito adoniramita
Neste rito, no momento em que o
neófito vai prestar seu juramento, o Venerável brada: "Irmão
sacrificador, apresente ao profano a taça sagrada, tão fatal aos
perjuros".
O neófito bebe um gole e o
Venerável dita o seguinte juramento:
"Juro guardar o silêncio
mais profundo sobre todas as provas a que for exposta minha coragem. Se eu for
perjuro e trair meus deveres... consinto que a doçura desta bebida se converta
em amargor e o seu efeito salutar em mortal veneno".
2.4.3. Rito francês
Neste rito o neófito profere o
seguinte juramento, de joelhos, por duas vezes:
"Juro e prometo sobre os
estatutos gerais da Ordem e sobre esta espada, símbolo de honra, etc, etc.
Consinto, se eu vier a perjurar, que o pescoço me seja cortado, o coração e as
entranhas arrancadas, o meu corpo queimado, reduzido a cinzas, e minhas cinzas
lançadas ao vento, e que a minha memória fique em execração entre todos os MM.:
O Gr.: Arq.: do Univ.: me ajude!"
III. MAÇONARIA E RELIGIÃO
Muito se tem perguntado: Será a
Maçonaria simplesmente uma associação beneficente formada por homens de bem, ou
é ela mais uma religião disfarçada?
3.1. A Maçonaria é Religião
Que a Maçonaria é religião, dão
provas os seus escritores e grandes mestres. Atente para as seguintes
asseverações:
• "A Maçonaria não é, pois,
uma simples instituição filantrópica e social: é uma ciência, uma filosofia,
um sistema moral, uma religião" (Estudos Sobre a Maçonaria Americana, p.
25, A. Preuss).
• "Filha da ciência e mãe
da caridade, fossem todas as instituições como tu, ó Santa Maçonaria, e os
povos viveriam numa idade de ouro. Satanás não teria mais o que fazer na Terra
e Deus teria em cada homem um eleito" (A Maçonaria do Centenário
1822-1922, Antônio Giusti, p. 33).
• "A reunião de uma Loja
Maçônica é estritamente religiosa. Os dogmas religiosos da Maçonaria são
poucos, simples, porém fundamentais. Nenhuma Loja pode ser regularmente aberta
ou encerrada sem oração" (The FreemasonsMonitor, I.S. Weed, p. 284).
• "A Maçonaria é a religião
universal porque abrange todas as religiões e o será enquanto assim fizer. E
por esta razão, unicamente por ela, que é universal e eterna" (Antiga
Maçonaria Mística Oriental, p. 67).
3-2. Maçonaria e Salvação
O escritor maçom L.U. Santos, na
sua obra intitulada Literatura Maçônica Contemporânea, edição de 1948, página
32, escreveu: "Somente a Maçonaria é capaz de redimir a humanidade, meus
irmãos".
A salvação maçônica
fundamenta-se na prática das boas obras que o homem possa praticar. Por isso a
Maçonaria estimula os seus adeptos a progredir até atingirem um padrão moral
tal que, ao morrerem, estejam em condição de habitar na glória.
IV. O CRENTE E A MAÇONARIA
Fazendo nossas as palavras de
Jesus Cristo, o Mestre da Galiléia, quando disse: "Dai, pois, a César o
que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mt 22.21), queremos dizer que
não negamos à Maçonaria os benefícios que tem proporcionado à humanidade. Não
podemos negar o que ela tem feito em benefício de nossa Pátria, e a
contribuição que deu à nossa independência, à extinção da escravatura, à
secularização dos cemitérios, à regulamentação do casamento civil, à
proclamação da República, ao ensino leigo e à separação entre igreja e Estado.
Em geral, os maçons são homens
dotados das mais destacadas qualidades morais e sociais. São bons cidadãos e
exemplares pais de família, porém, as boas qualidades de seus adeptos não fazem
a Maçonaria uma instituição sagrada e intocável quando tem de ser analisada à
luz da Bíblia Sagrada e da moral pregada e vivida por Jesus Cristo.
Apesar disto, surge a pergunta:
O crente pode ser maçom? Certamente que não; e me permita dizer por que assim
creio:
4.1. A Maçonaria é uma Instituição
Pagã
O ensino de que a Maçonaria se
originou na construção do templo de Salomão é uma afirmação suspeita e sem
fundamento. Por exemplo, o pastor presbiteriano e maçom Jorge Buarque Lira, em
seu livro A Maçonaria e o Cristianismo, no qual defende eloqüentemente a
Maçonaria, diz que esta teve o seu início nas religiões místicas do Oriente
(pp. 340,41). Albert Pike, outro conhecido escritor maçom, em seu livro Moral
and Dogma of the Ancient and Accepted Scotüsh Rite, diz o seguinte:
"Embora a Maçonaria seja
identificada com os mistérios antigos, o é somente em um sentido qualificado,
isto é, que representa uma imagem imperfeita do seu brilho; são apenas ruínas
da sua grandeza e de um sistema que tem experimentado alterações progressivas,
frutos dos eventos sociais, circunstâncias políticas e ambições imbélicas dos
seus reformadores... A Maçonaria, a sucessora dos mistérios, ainda segue a
antiga maneira de ensino. Quem deseja ser um maçom dedicado não pode se
contentar em ouvir somente, e nem tampouco em compreender as palestras;
precisa, ajudado por elas, estudar, interpretar e desenvolver estes símbolos
por si mesmo."
Aqui está uma das maiores
autoridades da Maçonaria afirmando não somente o início da Maçonaria nas
religiões místicas da antigüidade como também a continuação dos símbolos,
ensinos e princípios de misticismo na Maçonaria hoje em dia.
Veja outro problema aqui
existente. O templo de Salomão foi construído para defender o princípio de um
Deus que exclui todos os outros. A leitura de 2 Crônicas deixa isto bem claro.
O templo que Salomão construiu defendia a tese de um só Deus e um Deus
específico, com um nome específico. E este Deus excluiu todos os outros deuses
como falsos. Porém, no ritual do primeiro grau da Maçonaria, lemos o seguinte: "Como
os maçons podem pertencer a qualquer religião, é de desejar que tenha sido uma
das escrituras de cada fé, mas não se deve procurar impor qualquer
interpretação particular do ritual a nenhum irmão da ordem".
O templo de Salomão determina:
"Um só Deus, Jeová, e mais nenhum outro". O templo dos maçons
determina: "Qualquer Deus, à sua escolha".
4.2. A Maçonaria é
Religiosamente Sincretista
É muito comum se ler e ouvir,
principalmente da parte dos crentes maçons ou simpatizantes com a Maçonaria,
que a Maçonaria não é religião. Evidentemente, a afirmação de que a Maçonaria
não é religião entra em choque com a asseveração da maio¬ria esmagadora dos
escritores maçons sobre o assunto.
Note, por exemplo: a Maçonaria
tem templos (chamados "Lojas"), tem membros, tem doutrina, tem
batismo, tem um deus (ou deuses) e ofícios sacramentais, cerimônias fúnebres, e
tem reuniões. O que mais lhe falta para vir a ser religião? É curioso que outro
ramo de misticismo, o espiritismo, também alegue não ser religião, mas uma
ciência. Entretanto, uma simples declaração não modifica fatos.
Analisar todos os elementos
místicos da Maçonaria e ainda assim concluir que ela não é religião é
comparável a analisar um animal com as seguintes características: tem rabo de
porco, patas de porco, corpo de porco, focinho de porco, cheiro de porco, mas é
uma girafa. Nada poderia ser mais absurdo.
Podemos gastar toda a nossa vida
proclamando que maçã é tomate, contudo maçã continuará sendo maçã e tomate
continuará sendo tomate. Uma simples conclusão, por espantosa e fantástica que
possa parecer, não muda em nada a realidade dos fatos e a natureza das coisas.
O fato é simples: a Maçonaria,
para muitos dos seus adeptos, é, em todos os sentidos, uma religião, mas não a
religião centralizada em Jesus Cristo, embora incorporando alguns dos ensinos
de Jesus nas suas doutrinas, como faz a maioria das religiões falsas. Jorge
Buarque Lira, em sua defesa da Maçonaria, no seu livro A Maçonaria e o
Cristianismo, não esconde o fato de que "o que a Maçonaria não admite é
que as doutrinas de Cristo com referência à vida de além túmulo, bem como
qualquer doutrina sobre esse assunto, sejam pregadas nos seus templos".
Cabe, pois, perguntar: Um templo
onde é proibido falar sobre a ressurreição de Jesus Cristo, a ressurreição dos
santos, a vida eterna, a esperança da glória vindoura, é um templo do Deus
verdadeiro? É um lugar onde o verdadeiro crente se sinta bem, "em
casa"? (Leia as seguintes referências bíblicas e tire suas próprias
conclusões: 2 Jo vv. 7-11; Jd v. 4; 2 Pe 2.1; Gl 1.6-9; 2 Tm 4.3,4; 1 Tm
6.3-5.)
4.3. A Maçonaria Promove a
Idolatria
A índole idolátrica da Maçonaria
é mostrada no fato de ela admitir um tal de "São João da Escócia" ou
"São João de Jerusalém" como patrono, e abrir os seus trabalhos em
seu nome.
Atente para o que diz Jorge
Buarque Lira sobre a importância desse "santo" para a Maçonaria:
"O santo que a Maç.: adotou como patrono, não é São João Batista, nem São
João Evangelista, pois nenhum deles tem relação alguma com a instituição
filantrópica da Maç.: É de crer — e essa é a opinião dos irmãos mais filósofos
e mais conhecedores — o verdadeiro patrono é São João Esmoler, filho do rei de
Chipre, que, no tempo das Cruzadas, abandonou sua pátria, renunciou à esperança
de ocupar um trono e foi a Jerusalém dar mais generosos socorros aos peregrinos
e aos cavaleiros.
"João fundou um hospital,
onde organizou uma instituição de irmãos que cuidassem dos doentes, dos
cristãos feridos, e distribuíssem socorros pecuniários aos viajantes que iam
visitar o Santo Sepulcro.
"João, digno já, por suas
virtudes, de ser o patrono de uma sociedade que tem por um dos seus fins a
beneficência, expôs mil vezes a sua vida para fazer o bem. A peste, a guerra, o
furor dos infiéis, nada, em uma palavra, o impedia de prosseguir nessa
brilhante carreira; mas, no meio dos seus trabalhos, veio a morte cortar o fio
de ouro de sua existência; contudo, o exemplo de suas virtudes ficou gravado
indelevelmente na memória dos seus irmãos, que consideram dever imitá-lo.
"Roma o canonizou com o
nome de S. João Esmoler ou S. João de Jerusalém, e os maçons — cujos templos
ele tinha reedificado (depois de terem sido destruídos) — o escolheram
unanimemente para seu protetor e inspirador"
Como é possível que um cristão
se sinta bem num lugar, cujas cerimônias são iniciadas em nome de um
"santo" qualquer, verdadeiro vilipêndio e desrespeito ao mandamento
de Deus, que diz: "Não terás outros deuses além de mim" (Êx 20.3)?
4.4. A Maçonaria Tem uma Visão
Distorcida da História
Um dos argumentos usados mais comumente
no esforço proselitizante da Maçonaria é o seguinte: "A Maçonaria tem
influenciado decisivamente nos destinos do Brasil e do mundo". Qual a
pessoa de bem que se atreveria a desconhecer isto? A Revolução Francesa foi, em
grande parte, planejada e financiada pelos maçons das 600 lojas existentes na
França, no final do século XVIII. Não podemos esquecer também que dois
"maçons iluminados" pouco mais tarde iniciaram uma outra revolução
que veio à tona em 1848, e continua tendo grande efeito no mundo até o dia de
hoje. Seus nomes: Engels e Karl Marx, autores intelectuais do materialismo
comunista.
Apesar de admitirmos a ação
muitas vezes benéfica da Maçonaria, isto não se constitui, de forma alguma, em
motivo para que um crente em Jesus Cristo seja membro de tal ordem. Deus
freqüentemente tem usado indivíduos e organizações para a realização dos seus
planos no mundo: Ele usou o rei Assuero (um incrédulo) para livrar os judeus do
extermínio. Deus usou Faraó e o governo do Egito para salvar Jacó, e seus descendentes
da fome. Deus usou o rei Ciro, da Pérsia, para financiar a restauração do
templo de Deus, em Jerusalém. Deus usou o governo romano para salvar a vida do
apóstolo Paulo em várias ocasiões. Deus, afinal, controla tudo. Mas isto não
implica que um filho de Deus deva tornar-se adepto de um movimento liderado por
incrédulos.
Em termos de ilustração,
poderemos dizer que quase todos os regimes e filosofias do passado têm
realizado alguma coisa boa.
Até o nazismo de Hitler
desenvolveu um carro popular ao alcance do povo comum, o conhecido Fusca. Deste
modo, qualquer pessoa hoje pode dirigir um Volkswagen, sem ser um nazista. Os
espíritas mantêm muitos orfanatos para cuidar de crianças abandonadas, isto é
uma coisa muito boa, mas não é motivo suficientemente forte para eu me fazer um
espírita.
Visto que a maioria dos maçons
não é composta de crentes, bastam as ordens explícitas das Escrituras que
dizem: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis porque, que
sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as
trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o
infiel?" (2 Co 6.14,15).
Vale reafirmar o nosso
reconhecimento do fato de que a Maçonaria, em várias ocasiões, defendeu
missionários e pastores dos ataques do zelo cego do clero católico-romano no
Brasil. É preciso dizer, todavia, que o interesse da Maçonaria nisso não era
tanto seu fervor evangelístico ou os ideais maçônicos, mas o fato de a
Maçonaria e o protestantismo terem no Catolicismo um inimigo comum. Enquanto os
primeiros missionários e pastores lutavam contra a superstição e as falsas
doutrinas da Igreja Romana, a Maçonaria lutava contra a tirania do seu poder
político. Desse modo, protestantismo e Maçonaria tiveram um inimigo em comum.
Foi isto que uniu as duas forças.
Esse fenômeno se repete
freqüentemente na história. Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados
Unidos, uma potência capitalista, era um aliado da Rússia comunista, contra um
inimigo comum — o nazismo de Adolf Hitler. Mas isto não significou em nenhum
instante que os Estados Unidos capitularam a favor do comunismo.
Bibliografia
(A Maçonaria e o Cristianismo,
p. 128).
DE OLIVEIRA, Raimundo. Seitas e
Heresias: Um Sinal do Fim dos Tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
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