domingo, 6 de dezembro de 2020

Aprendendo a administrar o dom de profecia

 Jânio Santos de Oliveira

Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!



Mateus 7.15 - Acautelai-vos...


Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra em 1 Co 12.10; 14.1,3 ; Mt 7:15-17 que nos diz: 



E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.

procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar.
Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios.



“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus.” Mt 7:15-17


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O dom de profecia, é  fundamental na edificação do Corpo de Cristo. Assim como o dom de línguas tem a finalidade de fortalecer o crente espiritualmente de modo pessoal, o dom de profecia também exerce esta mesma finalidade, porém em sentido coletivo, ou seja, para toda a igreja.
É importante compreendermos em que consiste a manifestação do Espírito Santo através de cada dom para que não fiquem confundidos. Nem toda manifestação espiritual tem origem em Deus, por isso é tão importante identificar se a pessoa que está expressando o dom, de fato, transmite uma mensagem coerente com os princípios bíblicos. Quanto mais no que diz respeito ao dom de profecia, por ser um dom que transmite de forma direta a mensagem do Espírito, deve passar por uma avaliação mais rigorosa.

É preciso distinguir a profecia aqui mencionada como manifestação momentânea do Espírito da profecia como dom ministerial na igreja, mencionado em Ef 4.11. Como dom de ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais servem na igreja como ministros profetas. Como manifestação do Espírito, a profecia está potencialmente disponível a todo cristão cheio dEle (At 2.16-18). Quanto à profecia, como manifestação do Espírito, observe o seguinte:
(a) Trata-se de um dom que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (1 Co 14.24,25,29-31). Aqui não se trata da entrega de sermão previamente preparado.
(b) Tanto no Antigo, como no Novo Testamento, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus e exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência (1 Co 14.3).
(c) A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa (14.25), ou prover edificação, exortação, consolo, advertência e julgamento (14.3,25,26,31).
(d) A igreja não deve ter como infalível toda profecia deste tipo, porque muitos falsos profetas estarão na igreja (1 Jo 4.1). Daí, toda a profecia deve ser julgada quanto à sua autenticidade e conteúdo (14.29,32; 1 Ts 5.20,21). Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus (1 Jo 4.1), contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida por alguém que de fato vive submisso e obediente a Cristo (12.3).
(e) O dom de profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus e não a do homem. Não há no Novo Testamento um só texto mostrando que a igreja de então buscava revelação ou orientação através dos profetas. A mensagem profética ocorria na igreja somente quando Deus tomava o profeta para isso (12.11).
As manifestações dos dons na igreja precisam estar em coerência com a ação do Espírito registrada no texto bíblico. Qualquer manifestação duvidosa que foge do padrão anunciado à igreja do Novo Testamento deve ser ignorada, porquanto não transmite a segurança e a edificação espiritual inerente à ação de Deus por intermédio deste dom.


Entretanto, a administração desse dom de profecia requer muito cuidado e cautela. nós vamos verificar na Palavre de Deus alguns personagens que mesmo exercendo esta função acabaram sendo tentados por determinados opositores do povo de Deus, os quais travestidos de pessoas de boa intenção acabaram induzindo-os ao erro e á perdição.


A função de profeta (ou vaso atualmente) acaba por ser muito espinhosa, pois requer muita prudência. pois geralmente Deus permite que tais pessoas sejam duramente provados e em caso de reprovação as sanções Divinas acabam por se manifestar de forma impiedosa.


I. A Inexperiência do profeta novo

(I Rs 13)



Escatologia bíblica jin 17 jan final

 V. 3.- E Deus deu, naquele mesmo dia, um sinal, dizendo: Este é o sinal de que o SENHOR falou: Eis que o altar se fenderá, e a cinza, que nele está, se derramará.

V. 4.- Sucedeu, pois, que, ouvindo o rei a palavra do homem de Deus, Jeroboão estendeu a sua mão de sobre o altar, dizendo: Pegai-o!
Mas a sua mão, que estendera contra ele, se secou, e não podia tornar a trazê-la a si.


 V. 5.- E o altar se fendeu, e a cinza se derramou do altar, segundo o sinal que o homem de Deus apontara por ordem do Senhor.

V. 6 - Então respondeu o rei, e disse ao homem de Deus: Suplica ao SENHOR teu Deus, e roga por mim, para que se me restitua a minha mão.
Então o homem de Deus suplicou ao Senhor, e a mão do rei se lhe restituiu, e ficou como era antes

V. 7- E o rei disse ao homem de Deus: Vem comigo para casa, e conforta-te; e dar-te-ei um presente.

V.  8 - O homem de Deus disse ao rei: Ainda que me desses metade da tua casa, não iria contigo, nem comeria pão nem beberia água neste lugar.

V. 10 - Assim foi por outro caminho; e não voltou pelo caminho, por onde viera a Betel.

V. 11 - E morava em Betel um profeta velho ; e vieram seus filhos, e contaram-lhe tudo o que o homem de Deus fizera aquele dia em Betel, e as palavras que dissera ao rei;



V. 14 - E foi após o homem de Deus, e achou-o assentado debaixo de um carvalho, e disse-lhe: És tu o homem de Deus que vieste de Judá? E ele disse: Sou.

V.15 - Então lhe disse: Vem comigo à casa, e come pão.

V. 16 - Porém ele disse: Não posso voltar contigo, nem entrarei contigo; nem tampouco comerei pão, nem beberei contigo água neste lugar.

V. 17 - Porque me foi mandado pela palavra do Senhor: Ali não comerás pão, nem beberás água; nem voltarás pelo caminho por onde vieste.

V. 18 - Disse o profeta velho: Também eu sou profeta como tu, o Senhor mandou um anjo dizendo: Faze-o voltar contigo à tua casa, para que coma pão e beba água (mas era mentira).

V. 19 -  Assim voltou com ele, e comeu pão em sua casa e bebeu água.

V. 20 - E sucedeu que, estando eles à mesa, a palavra do Senhor veio ao profeta velho.

V. 21 - O profeta velho disse ao homem de Deus: Assim diz o Senhor: Porquanto foste rebelde à milha ordem e não guardaste o meu andamento que te mandei,

V. 22 - Antes voltaste, e comeste pão e bebeste água no lugar de que o Senhor te dissera para não fazer; por isso tu morrerás e não serás enterrado no sepulcro de teus pais.


V. 23 - E sucedeu que, depois que comeu pão, e depois que bebeu, albardou ele o jumento para o profeta que fizera voltar.

V. 24 - Este, pois, se foi, e um leão o encontrou no caminho, e o matou; e o seu cadáver ficou estendido no caminho, e o jumento estava parado junto a ele, e também o leão estava junto ao cadáver.

V. 26 - E, ouvindo-o o profeta velho disse: É o homem de Deus, que foi rebelde à ordem do Senhor; por isso o Senhor o entregou ao leão, que o despedaçou e matou, conforme o Senhor lhe dissera.

V. 28 - Então foi, e achou o cadáver estendido no caminho, e o jumento e o leão, que estavam parados junto ao cadáver; e o leão não tinha devorado o corpo, nem tinha despedaçado o jumento.

V. 29 - Então o profeta velho levantou o cadáver do homem de Deus, e pô-lo em cima do jumento levando-o consigo; assim veio o velho profeta à cidade, para o chorar e enterrar.


“Quando o homem de Deus foi levado à Jeroboão para adverti-lo, Deus havia dito que ele não deveria comer pão nem beber nada em Betel. Um profeta velho, possivelmente com a consciência incomodada por estar vivendo ali, decidiu ter alguma justificativa para sua posição, trazendo aquele homem para comer com ele. Ele mentiu. Quantos vão afirmar que tem o Senhor com eles, apesar de não se separarem da iniquidade. “Também eu sou profeta como tu” (I Rs 13:18). Os velhos profetas são mais perigosos que idólatras assumidos. Verdadeiros cristãos fazem mais para afastar um homem de Deus de seu caminho de santificação do que meros professos. Pessoas que tem a luz de Deus devem ter cuidado em andar nela. Existe sempre uma tendência interior em nós de desistir do caminho de santificação (que é separação), e não sermos fiéis aos princípios que são de Deus. Então, quando uma influência exterior, e especialmente aquelas que parecem ser piedosas, é usada para acentuar essa nossa tendência, nos tornarmos presas do que é realmente de Satanás. “Um leão o encontrou” (I Rs 13:24). Nosso adversário, o diabo, está sempre pronto para tomar vantagem de nossa infidelidade. É algo solene ter a luz de Deus e não andar nela. O leão pode destruir um lugar de testemunho de Deus na vida de alguém”.




  • Vejamos algumas lições  práticas sobre o profeta novo (1 Rs 13,14).


1. O homem de Deus: Um servo anônimo e destemido A Bíblia relata em 1 Rs 12:26-33 que um dos reis de Israel - na época Jeroboão – por cobiça, ensinou mentiras ao povo, incentivando-os a adorarem bezerros de ouro, tudo isso por cobiça, mas o Senhor Deus, designou uma tarefa a alguém que a Bíblia não expõe o nome, mencionando-o apenas como “um homem de Deus”. A tarefa desse homem era profetizar contra aquela adoração desviada que Jeroboão fazia e ainda levava o povo israelita a fazer. Aí, duas características interessantes são notadas:  Seu nome não foi revelado – O que nos mostra que ao fazermos algo que o Senhor nos orienta não é necessário esperarmos reconhecimento humano, aplausos, elogios... O importante é que o Senhor cresça e nós diminuamos.   Ele era um servo disposto a obedecer à ordem do Senhor ao ponto de não temer as ameaças do rei Jeroboão. Ou seja: Além de ser servo do Pai ele era alguém destemido, pois sabia que se o Senhor o havia enviado, Ele estava à frente de tudo. 

 2. A disposição em orar por aqueles que nos perseguem Em 1 Reis 13:4-6, é relatado que quando o rei Jeroboão ouviu a palavra do homem de Deus, ele, bem provavelmente, ordenou a seus guardas que prendessem o profeta. Nesse instante, o Senhor Deus interviu e, a mão de Jeroboão ficou seca, imóvel. Vendo isso, o rei pediu ao profeta que orasse a Deus em favor dele e, assim o homem de Deus fez: Ele orou em favor daquele que estava a fim de prendê-lo e o Senhor ouviu! O Senhor Jesus nos orientou a fazer o mesmo, orando pelos que nos perseguem e nos maltratam. ( Mt 5:44 , Rm 12:14)



3. Obedecer a Deus e renunciar as propostas contrárias à Sua vontade Entre os versos 7 a 10, Jeroboão tenta persuadir o homem de Deus, convidando-o a ir com ele para sua e que lá ele daria um presente ao profeta. Foi uma proposta tentadora, mas o homem de Deus tinha em seu coração o propósito de obedecer ao Senhor e ele rejeitou a sugestão de Jeroboão falando a ele da ordem que havia recebido de Deus: “Não comerás pão nem beberás água; e não voltarás pelo caminho por onde vieste.” E, realmente, a Bíblia relata que o homem de Deus obedeceu, indo por outro caminho e rejeitando a proposta do rei Jeroboão.



4. Após fazer aquilo que Deus tem ordenado, não se distrair nem se acomodar Dos versos 11 a 14 é dito que um velho profeta de Betel foi em busca do profeta de Judá, encontrando-o assentado debaixo de uma árvore. A partir deste momento, a situação do homem de Deus começava a tomar outro rumo bem triste, talvez porque ele se distraiu, se acomodou... Isso acontece conosco quando o Senhor nos dá uma ordem, nós a cumprimos, mas depois não vigiamos, não continuamos orando, não agimos como devíamos agir e, infelizmente, brechas para os ataques do inimigo vão se abrindo... O que aconteceu depois com o homem de Deus foi algo triste...



5. Ter cuidado com os “velhos profetas” Nem todos aqueles que se rotulam “homens/mulheres de Deus” realmente são (eu disse que nem todos, pois realmente há pessoas comprometidas em anunciar a mensagem do Pai e obedecer Sua vontade soberana). Infelizmente, há pessoas que permitem se ensoberbecer ao ver alguém ser usado pelo Senhor ao anunciar alguma mensagem ou fazer algo que o Senhor quis que ela fizesse. Isso pode causar um sentimento de inveja, de soberba, de autopromoção e, induzida por essa vontade carnal, pessoas assim podem querer iludir os “homens de Deus” com mensagens “impactantes” ou de efeito, tentando passar a impressão de que ela é mais usada do que você, ou dizendo que isso ou aquilo foi Deus que mandou. Tenha muito cuidado com isso.



 6. Não acreditar em tudo que dizem para nós sobre o rótulo de que é “Deus que está falando” A partir do verso 15, o velho profeta de Betel convida o homem de Deus a ir com ele à sua casa e lá comer pão, mas o profeta de Judá (homem de Deus) responde usando a ordem que o Senhor havia lhe dado: “Não posso voltar contigo, nem entrarei contigo; nem tampouco comerei pão, nem beberei contigo água neste lugar. Porque me foi mandado pela palavra do Senhor: Ali não comerás pão, nem beberás água; nem voltarás pelo caminho por onde vieste.” (Vv. 16 , 17). Mas, o velho profeta de Betel mente para o homem de Deus, dizendo que um anjo havia lhe falado por ordem do Senhor para fazê-lo voltar para comer pão e beber água e, infelizmente o homem de Deus caiu na conversa do velho profeta... Ele acabou desobedecendo a ordem que Deus havia lhe dado, acreditando no que o profeta de Betel lhe disse, talvez por distração ou outro motivo que não sei o qual. O que acontece conosco é que muitas vezes, o Senhor suavemente fala conosco, testifica algo em nosso coração, mas, infelizmente, acabamos dando crédito a muitas palavras persuasivas que ouvimos em tantos lugares, inclusive em pregações. “De vez em quando você topa com algum profeta velho ou com uma “profetiza velha” por aí, que podem lhe dizer ter recebido por meios sobrenaturais uma mensagem de Deus para você. É preciso tomar muito cuidado. Se o recado de Deus para você por meio desse profeta contrariar a orientação original do Senhor, não caia nessa cilada.” {Blog Palavra de Salvação} Em casos assim, é bom meditarmos em alguns versículos bíblicos: “... examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” (At 17:11b) “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” (1 Jo 4:1) “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.” (Gl 1:8-9) “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;” {Jo 5:39} “E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis.” (1 Jo 2:27) “Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.” (Cl 2:18-19) “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; ...” (Os 4:6a)



7. O inimigo, como um leão, busca alguém a quem possa tragar Do verso 19 em diante, a tragédia é iminente: O homem de Deus caiu na conversa do velho profeta e desobedeceu a Deus, voltando pelo mesmo caminho pelo qual havia vindo, comido pão e bebido água, o que não deveria ser feito. A palavra do Senhor agora veio de forma verdadeira à boca do velho profeta, que diz ao homem de Deus que pelo fato de ele ter sido rebelde e não ter guardado o mandamento que o Senhor havia lhe dado, seu cadáver não entraria no sepulcro dos seus pais (o que aconteceu, mencionado no verso 30). No caminho, um leão o encontrou e o matou, mas esse leão sequer tocou no jumento que levava o homem de Deus. Isso foi consequência da sua desobediência, infelizmente. O Senhor nos orienta na Sua palavra, em 1 Pe 5:8 para sermos sóbrios e vigiarmos (algo que o homem de Deus não fez), pois o nosso adversário (o diabo) está como um leão, buscando alguém a quem possa tragar. Se a palavra do Senhor nos orienta a fazer isso, então façamos. O leão matou aquele homem de Deus por conta da sua desobediência, por ele não ter sido sóbrio... Ele se distraiu, não vigiou, então cabe a nós estarmos atentos, buscando conhecimento da Palavra do Pai e não cairmos nas armadilhas que o inimigo vive preparando para nós. Conhecimento e prática são fundamentais. ”




II. A "loucura" do profeta Balaão - a cobiça





Balaão foi um profeta que tentou amaldiçoar o povo de Israel, mas acabou não conseguindo. A história de Balaão está registrada no livro de Números. Ele é conhecido especialmente pelo episódio em que Deus abriu a boca de sua mula e ela falou.

Além das passagens no livro de Números (capítulos 22-24 e 31), Balaão é mencionado em outros livros do Antigo Testamento (Dt 23:4,5; Js 13:22; 24;9,10; Ne 13:2; Mq 6:5). No Novo Testamento ele também é mencionado sempre de forma negativa (2 Pe 2:15; Jd 11; Ap 2:14).

1. A história de Balaão na Bíblia

Balaão era filho de Beor e morava em Petor que ficava junto ao rio Eufrates. É difícil saber a localização correta dessa região. Alguns estudiosos acreditam que talvez ficasse próximo de Harã, na qual o patriarca Abraão também morou.

Balaão aparece na narrativa bíblica num contexto em que os israelitas estavam conseguindo importantes vitórias. Eles tinham derrotado os amorreus e conquistado toda a terra de Arnom. Naquele momento eles haviam se posicionaram ao norte do território de Moabe.

Quando os moabitas viram que o povo de Israel era numeroso e vitorioso, eles ficaram apavorados. Então Balaque, rei de Moabe, foi procurar Balaão, um homem conhecido por ser vidente.

2. Balaque contrata Balaão para amaldiçoar Israel

Os moabitas fizeram uma aliança com os midianitas para fazer oposição a Israel (Nm 22:7; 25:6-18; 31:1-12). Então Balaque enviou mensageiros a Balaão para pedir-lhe ajuda. Balaque queria que ele amaldiçoasse os israelitas. Balaão parecia ser um profeta renomado, pois Balaque diz sobre ele: “ porque sei que a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado” (Nm 22:6).

Balaão então pediu um prazo de uma noite para consultar o Senhor. Naquela noite Deus disse a ele que não amaldiçoasse Israel “porque é povo abençoado” (Nm 22:12). Os mensageiros de Balaque lhe comunicaram a recusa de Balaão, mas Balaque resolveu enviar outros mensageiros prometendo grandes recompensas para que Balaão amaldiçoasse os israelitas.

Mais uma vez Balaão pediu para que os mensageiros esperassem uma noite para que ele buscasse a mensagem do Senhor. Então Deus autorizou que ele acompanhasse os moabitas, mas com a condição de que ele dissesse apenas o que Ele mandasse falar.

2. A mula de Balaão

Pela manhã, Balaão se levantou, preparou sua mula e partiu com os mensageiros de Moabe. Porém, o coração de Balaão era perverso diante de Deus, ou seja, ele partiu com intenções que desagradavam o Senhor.

Então o Anjo do Senhor se colocou em seu caminho para impedi-lo. O profeta Balaão não conseguiu ver o Anjo do Senhor parado no caminho, mas sua mula viu e se recusou a continuar (Nm 22:21-27).

Irado pelo comportamento da mula, o profeta Balaão a espancou três vezes. Foi aí que Deus fez com que a mula falasse. Assim que a mula falou, Deus também abriu os olhos de Balaão e ele pôde ver o Anjo do Senhor com sua espada desembainhada na mão (Nm 22:28-31).

O Anjo do Senhor repreendeu Balaão e lhe permitiu continuar. Porém, mais uma vez ele o exortou a falar somente aquilo que o Senhor lhe ordenasse a dizer (Nm 22:32-35).

3. As profecias de Balaão

Quando Balaão se encontrou com Balaque, ele lhe avisou que só poderia dizer aquilo que o Senhor colasse em sua boca (Nm 22:38). Então ele foi levado por Balaque para amaldiçoar Israel, mas por três vezes em vez de maldição Balaão teve de proferir bênçãos da parte do Senhor sobre os israelitas.

Na primeira profecia, Balaão declarou não ser capaz de amaldiçoar aqueles a quem Deus não havia amaldiçoado (Nm 23:7-10). Na segunda profecia, ele reafirmou que Deus estava ao lado dos israelitas, garantindo-lhes a vitória sobre os moabitas (Nm 23:18-24).

Na terceira profecia o profeta Balaão falou sobre as bênçãos que Deus havia planejado para Israel. Ele também ressaltou que seria maldito qualquer um que se levantasse com o propósito de amaldiçoar aquele povo (Nm 24:1-9).

Na quarta profecia, ele profetizou sobre a vinda de um grande conquistador que viria no futuro e que derrotaria de forma esmagadora os moabitas e edomitas. Essa profecia se cumpriu em Davi (2 Sm 8:2-14) e também apontava para as conquistas ainda maiores do Messias, do qual o reinado de Davi apenas prefigurava. Depois, Balaão também profetizou a queda de outras nações (Nm 24:20-25).

4. O conselho de Balaão e sua morte

Após profetizar sobre Israel, Balaão se despediu de Balaque e retornou a sua terra. Mas depois ele aparece peregrinando entre os midianitas. Foi então que ele os aconselhou a atraírem o povo de Israel para o culto pagão de Baal-Peor e a se prostituírem (Nm 25; 31:16).

Diante do pecado do povo, Deus derramou o seu juízo e os pecadores foram eliminados da congregação de Israel. Deus também ordenou que Moisés afligisse os midianitas por causa do ocorrido (Nm 25:16-18). Na ocasião, Balaão foi morto juntamente com os reis midianitas (Nm 31:8).

5. A maneira como Balaão comercializava profecia

O profeta Balaão teologizava sob demanda. Assemelhava-se ao escritor que, certa vez, recebeu a incumbência de escrever um artigo sobre uma polêmica autoridade. Ao receber o dinheiro, perguntou: “A matéria é a favor ou contra?”

Suas mandingas eram bem articuladas e certeiras. Amaldiçoou Balaão alguém? Amaldiçoado está! Foi por isso que Balaque trouxe-o de tão longe e inflacionou-lhe generosamente o cachê. Afinal, o rei moabita estava caído de angústias com a aproximação dos filhos de Israel que, desde o longínquo Sinai, marchavam resolutamente às suas portas. E, pelo ritmo de seu avanço, nenhum exército seria capaz de frear-lhe a andadura. Segundo imaginava, aquela gente, de tão numerosa, lamberia todos os recursos de sua terra. E isso ele jamais haveria de admitir.

Balaque bem sabia que Balaão era venal e sem caráter. Todavia, era competente no que fazia e tinha um preço até razoável. Além de venal, pagável. Não seria difícil contratá-lo.

Já advertido pelo Senhor, o profeta, de início, mostrou alguma refração às propostas do moabita. Como bom teólogo, sabia que é impossível florescer maldições onde as bênçãos já frutificam. Por isso, todas as vezes que armava o cenário para amaldiçoar Israel, acabava por abençoá-lo. E isso começou a impacientar Balaque. Afinal, contratara-o para destruir os hebreus. Mas o feiticeiro, inexplicavelmente, estava virando-se contra o dono do feitiço.

O interessante é que Balaão possuía também um lado poeta e lírico que, elegantemente, deixa transparecer nas profecias que, por três vezes, profere sobre o futuro messiânico de Jacó. Ele sabia trabalhar tão bem as palavras, que Moisés foi inspirado a registrá-las no quarto livro do Pentateuco. Num dos trechos de seu maravilhoso e subido poema, chega a ser autobiográfico: “Então, proferiu a sua palavra e disse: Palavra de Balaão, filho de Beor, palavra do homem de olhos abertos, palavra daquele que ouve os ditos de Deus e sabe a ciência do Altíssimo; daquele que tem a visão do Todo-Poderoso e prostra-se, porém de olhos abertos: Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete” (Nm 24.15-17).

A ganância, contudo, veio a ter mais rimas que a poesia. Na verdade, Balaão não estava disposto a perder o ouro de Balaque; oportunidade como aquela não costuma repetir-se. Não é sempre que se tem um Êxodo pela frente, nem um povo grande e abençoado a atravessar-lhe o caminho. Além do mais, ali estava um rei aflito, e prestes a dar-lhe até metade de seus tesouros.

Balaão, segundo suas próprias palavras, era o profeta dos olhos abertos. Mas, para mim, ele era o teólogo do olho grande e gordo: estava sempre disposto a corromper e a ser corrompido. Eis porque resolveu, apesar das relutâncias iniciais, atender à demanda final de Balaque.

Já que não podia levar a maldição a Israel, poderia ao menos trazer até Israel a maldição. A equação era bem simples. Sabendo ele que Deus tem um caráter justo e santo, ensinaria Balaque a tirar proveito dessa proposição. E, para tanto, o rei moabita não precisaria escrever monografia alguma; era só explorar a pornografia que estava ao seu alcance. Mesmo porque, aquele monarca medroso e bufão nenhuma capacidade acadêmica demonstrava ter.
Sim, tudo era muito simples. Mas a receita só Balaão possuía. Para amaldiçoar Israel, Balaque só precisaria espalhar umas prostitutas cultuais pelo arraial hebreu, e o problema estaria resolvido para os moabitas. Mas, para os israelitas, estaria só começando.

Foi o que aconteceu. As desavergonhadas, introduzidas sorrateiramente no acampamento do Senhor, puseram-se a induzir os varões hebreus a se prostituírem e a comerem alimentos sacrificados aos ídolos. De repente, aquele povo separado e santo em nada diferia das nações de Canaã. O episódio, que passaria à história como o Caso de Baal-Peor, custaria muito caro aos filhos de Israel. Num só dia, o Senhor matou vinte e quatro mil homens. O fato jamais seria esquecido. Séculos depois, ainda era mencionado pelos santos profetas como advertência à comunidade hebreia.

Balaão não foi o único a fazer teologia, nem a profetizar sob demanda. Seus discípulos e seguidores, igualmente irracionais em seu amor pelo ouro de Balaque, fazem-se moucos até mesmo à voz da jumenta. Não obstante, sempre acabam por encontrar generosos púlpitos e cátedras.

Nos domínios de Acabe, eram liberalmente pagos, a fim de profetizar o que o monarca queria ouvir. Nenhum deles tinha coragem, ou disposição, de dizer que o rei estava nu. Já em Judá, no tempo de Jeremias, achavam-se arrolados na folha de pagamento do funcionalismo público. E, na Igreja Primitiva, além dos imitadores de Balaão, havia também os nicolaitas, que, de paróquia em paróquia, iam teologizando por encomenda. Com mão certeira, semeavam o pecado, a rebeldia e a dissolução entre os santos.


6. A doutrina de Balaão


Balaão passou a ser mencionado na Bíblia como exemplo de um falso profeta que procura fazer o povo de Deus tropeçar. É assim que ele aparece no Novo Testamento. Judas adverte contra o erro das pessoas que são levadas pelo engano do prêmio de Balaão. O apóstolo Pedro fala sobre o perigo de seguir o caminho de Balaão que “amou o prêmio da injustiça” (Jd 11; 2 Pe 2:15).

No livro do Apocalipse, o Senhor Jesus repreendeu a Igreja em Pérgamo por tolerar pessoas que seguiam a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos banquetes da idolatria e se entregassem a imoralidade (Ap 2:14).

Com base nesses textos, também é possível perceber com muita clareza qual foi o erro de Balaão. Ele conheceu a vontade do Senhor, mas ainda assim voltou suas costas para Ele, recusou-se a ouvir sua palavra e arquitetou um plano para destruir o seu povo escolhido.

Balaão fez tudo isto por se apegar as coisas deste mundo maligno, amando o prêmio da injustiça. Deste modo, ele se tornou um tipo de todo aquele que age como falso profeta, pervertendo o Evangelho e se levantando contra a Igreja de Cristo.



7. A visão neotestamentária sobre Balaão

Balaão passou de porta-voz de Deus a falso professor que fez o povo de Deus tropeçar (Ap 2:14). Ele estava no caminho certo, mas abandonou-o e extraviou-se. Esta é provavelmente a razão pela qual ele é mencionado três vezes por diferentes escritores no Novo Testamento como um exemplo a ser evitado. Já vimos o relato relevante em Apocalipse e aqui estão os outros dois a partir de 2 Pedro e Judas:

2 Pe 2:16
"Eles abandonaram o caminho certo e se desviaram, seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça, mas que foi repreendido pela sua própria transgressão: um jumento mudo falando com uma voz humana impediu a loucura do profeta ."
e Judas 11
"Ai deles! Porque prosseguiram no caminho de Caim, de ter executado avidamente no erro do prêmio de Balaão, e pereceram na revolta de Corá”
Ambos, II Pedro e Judas, referem-se àqueles que seguiram o caminho de Balaão. Quem são essas pessoas? O que elas fizeram? Elas têm qualquer semelhança com Balaão, e se sim qual é? Como poderia esta figura do Antigo Testamento se relacionar com a época de hoje da graça? Nós vamos encontrar a resposta nas Escrituras. A partir de II Pedro, a palavra "eles" remonta ao primeiro versículo, onde lemos:

2 Pe 2:1-3
"Mas houve também falsos profetas entre o povo, assim como haverá entre vós falsos mestres, que introduzirão encobertamente heresias destruidoras, até mesmo negar o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais o caminho da verdade será blasfemado. Pela cobiça farão de vós negócios com palavras fingidas; por um longo tempo o seu julgamento não terá sido ocioso, e a sua destruição não dormirá ".


8. A estratagema de Balaão para Israel pecar


O erro de Balaão foi ensinar Balaque a lançar tropeço ao povo de Deus, os israelitas.
Primeiro Balaão mandou Balaque oferecer sacrifícios (encantamentos) à Deus para que Deus ouvisse o pedido de do rei Balaque (rei dos Moabitas) e o seu pedido era que Deus amaldiçoar os Israelitas, e Balaão fez isto três vezes, porem Deus respondeu: (Números 23: 19 Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?)
Depois ensinou Balaque a colocar as mulheres Moabitas para tentarem os homens Israelitas ao sexo e a adoração à Baal: (Números 31: 15 E Moisés disse-lhes: Deixastes viver todas as mulheres? 16 Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, deram ocasião aos filhos de Israel de transgredir contra o Senhor no caso de Peor; por isso houve aquela praga entre a congregação do Senhor.)
Balaão foi morto quando os Israelitas, o povo de Deus, derrotaram os medianitas (Números 31:8), aqueles que fizeram os filhos de Israel se prostituirem com suas mulheres e adorarem a Baal-Peor para provocar a Deus, na esperança que Deus amaldiçoasse o seu povo os Israelitas.
Portanto, Balaão tentou persuadir a Deus para amaldiçoar o seu povo, porem Deus o fez profetizar o contrário (Deus fez Balaão abençoar e não amaldiçoar o povo de Deus); E não satisfeito, Balaão ensinou o rei Balaque a fazer o povo de Deus pecar, na esperança de que Deus rejeitasse seu povo.



  • O confronto entre Hananias e Jeremias




O confronto entre Hananias e Jeremias, isto é, entre o falso e o verdadeiro profeta de Deus, ocorreu no início do reinado de Zedequias (Jr 27.1; 28.1). Nesse tempo Jeremias, por ordem do Senhor, fez alguns jugos ou cangas de madeira, e no tempo certo, o pôs sobre seu pescoço e saiu a proclamar e exortar Judá e alguns reinos sobre a submissão e obediência ao império da Babilônia (Jr 27.2-8; 28.2-4). Jeremias dizia que assim como o boi é dominado pela canga de seu dono, Judá e as nações deveriam sujeitar-se ao domínio dos caldeus, sendo inútil tentar livrar-se de Nabucodonosor (Jr 27.12-13); pregava ainda que a duração do cativeiro seria de setenta anos (Jr 25.11; 29.10) e que os deportados para Babilônia junto com o príncipe Joaquim (Jeconias), filho de Jeoaquim, não mais regressaria do cativeiro (Jr 22.24-30). Para confrontar Jeremias, Hananias, o falso profeta, diante do povo e dos sacerdotes, começa a proferir uma mensagem, como vinda de Deus e que todos gostariam de ouvir: O fim do cativeiro em dois anos, e não em setenta; a volta de todos os exilados, inclusive do príncipe Jeconias (Joaquim); e, a devolução de todos os utensílios tirados do templo (Jr 28.2-5). Estava ali, a palavra dele contra a de Jeremias. Quem estava certo? No aspecto popular, Jeremias ficou na desvantagem, pois tudo o que o povo queria ouvir naquele momento era uma mensagem de “vitória”. E, isto o falso profeta Hananias, que não tem compromisso com a verdade, ofereceu! Já o profeta Jeremias, que tinha compromisso com a verdade, não podia oferecer! Diante deste embate, restou a Jeremias advertir o povo e a não se empolgar nem se entusiasmar com as predições de Hananias, pois apesar de ser um discurso bonito e agradável, faltava ainda passar no teste do tempo, no qual as Escrituras ensinam: O profeta só será reconhecido como profeta, quando suas predições se cumprirem no tempo (Dt 18.22; Jr 28.9). Neste aspecto, Jeremias levou vantagem, pois todas as profecias preditas se cumpriram integralmente, enquanto que as de Hananias, todas caíram por terra, inclusive ele! (Jr 28.15-17; 52.31-34; 2 Rs 25.27-30; 2 Cr 36.22-23; Dn 9.2).


III. Submetendo os profetas à prova



1. Eles Estão Falando a Palavra de Deus?

Os profetas estão em toda a parte! Nós os ouvimos dentro dos edifícios das igrejas, na televisão e no rádio, nas ruas, ou plantados na porta de nossas casas, para nos falar da vontade de Deus. Eles se dizem mensageiros de Deus, revelando quando o mundo vai acabar, ou o que vai acontecer em nossas vidas, atualmente. Às vezes, predizem grandes bênçãos. Outras vezes, eles nos avisam sobre sérias calamidades. Freqüentemente, nos dizem que Deus lhes tem falado para ordenar-lhes a construção de uma grande catedral ou o empreendimento de algum glorioso empenho no serviço do Senhor.
Sem dúvida, a Bíblia menciona freqüentemente profetas de Deus (que revelaram a palavra do Senhor). Algumas vezes, eles falaram sobre os acontecimentos de seu tempo, ou sobre o fim do mundo. Eles predisseram bênçãos maravilhosas e terríveis tragédias. Mas aqueles que desejaram conhecer a vontade de Deus, durante os tempos da Bíblia, também tiveram que se guardar contra os profetas enganadores e falsos. Eles não poderiam aceitar cegamente o testemunho de cada homem que dissesse estar falando por Deus. Hoje, mais do que nunca, precisamos testar aqueles que alegam serem portadores das mensagens de Deus. Toda pessoa que diz falar a palavra de Deus precisa ser experimentada de acordo com a palavra de Deus. Seguindo as recomendações de 1 João 4:1, precisamos submeter os profetas de nossos dias ao teste. São eles, verdadeiramente, mensageiros de Deus?

2. Testes bíblicos das pretensões dos profetas

Baseados nos exemplos e instruções encontradas na Bíblia, podemos examinar as palavras daqueles que têm a pretensão de serem profetas, aplicando estes cinco testes:


  •  Contradição
  •  Cumprimento
  •  Confirmação
  • Revelação completa
  • Apóstolos contemporâneos


Considere a importância destes cinco testes.


  •  O teste da contradição

Deus não é a fonte de contradições, indecisão e confusão (2 Co 1:18-21; 1 Co 14:33). A verdade que provém de Deus (Jo 8:31-32) promove a unidade e não promove a divisão, o conflito ou a diversidade de doutrina (Jo 17:17-23).
Estes princípios são a base do teste da contradição. A verdade não contradiz a verdade, portanto, duas revelações da verdade de Deus não podem ser contraditórias. Qualquer um que seja reprovado neste teste não é um profeta de Deus. Se as "profecias" de um homem contradizem aquelas feitas em outra ocasião, ele é um mentiroso, não é um profeta. Se um homem apresenta uma "revelação" que conflita com revelações prévias na Bíblia, ele é um falso mestre que tem que ser rejeitado (Gl 1:6-10).
O teste da contradição apresenta sérios problemas para aqueles que hoje alegam inspiração. Muitos deles ensinam doutrinas contraditórias, enquanto dizem que Deus é a fonte de suas mensagens! Que insulto a Deus, culpá-lo pela confusão criada pelo homem, que obscurece a verdade que ele revelou! "Seja Deus verdadeiro e mentiroso todo homem" (Rm 3:4).


  •  O teste do cumprimento

Deus usou a profecia como evidência de sua Divindade. Em Isaías 46:9-11, ele disse: "que eu sou Deus e não há outro, eu sou Deus e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer, e desde a antiguidade as cousas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade. . . . Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei."
A implicação deste argumento é clara. Se suas profecias não fossem cumpridas, suas outras palavras (inclusive sua própria declaração de ser Deus) seriam falíveis. Não haveria mais razão para temer Jeová do que para respeitar os deuses impotentes descritos em Isaías 46.
Os que se dizem mensageiros de Deus não merecem um exame mais benevolente. Deus revelou um teste muito claro para ser aplicado àqueles que alegam falar por Ele: "Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou? sabe que quando esse profeta falar, em nome do Senhor, e a palavra dele se não cumprir nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o Senhor não disse; com soberba a falou o tal profeta: não tenhas temor dele" (Dt 18:21-22). Todos os anos, algum "profeta" aparece com predições específicas sobre acontecimentos no mundo ou até mesmo a volta de Cristo, algumas vezes vendendo milhões de livros e ganhando fama. Quando se passam os meses e suas profecias falham, lembramo-nos novamente de que não há necessidade de respeitar as palavras daqueles que têm a pretensão de falar por Deus.



  •  O teste da confirmação

Moisés revelou a palavra de Deus ao Faraó, e sua mensagem foi acompanhada por milagres para confirmar que essas palavras vinham de Deus. Jesus freqüentemente acompanhava seus ensinamentos com milagres notáveis, e ordenava aos seus apóstolos que fizessem o mesmo: "cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam" (Mc 16:20; veja, também, Hb 2:3-4).
Estes sinais de confirmação eram inconfundíveis: ressuscitar os mortos, curar instantaneamente doenças inegáveis e sérias. Os milagres da Bíblia eram muito mais do que afirmar a alguém que ele foi curado de uma doença mental ou invisível.
Quando os homens, em nossos dias, afirmam que estão proferindo alguma mensagem recebida diretamente de Deus, precisamos desafiá-los a confirmar suas palavras com milagres genuínos e inegáveis. Que eles ressuscitem os mortos e restaurem os membros dos amputados, ou então que parem de afirmar que têm revelações de Deus!



  •  O teste da revelação completa

Alguns desses profetas podem afirmar que seus ensinamentos estão em completa harmonia com a Bíblia e que eles realizam milagres do mesmo tipo encontrado nas Escrituras. Suas pretensões a revelar alguma coisa nova de Deus não passarão no teste da revelação completa. A Bíblia mostra que milagres, também profecias, línguas e revelações especiais de Deus, tinham um propósito específico e temporário: confirmar a palavra dita. Uma vez que essa palavra foi revelada e confirmada, não haveria mais necessidade de uma confirmação milagrosa. Escrevendo sob a inspiração do Espírito Santo, Paulo ensinou que os dons espirituais foram planejados por Deus para serem temporários, e que eles cessariam quando a revelação completa ou perfeita (a Bíblia) fosse conhecida (1 Co 13:8-13). "Profetas" modernos focalizam meios imperfeitos e temporários de revelação, enquanto falham em dedicar o tempo adequado a estudar e aplicar a verdade da Bíblia, completamente revelada.
Alegações de inspiração e de habilidades milagrosas são hoje negações da adequação e da confiabilidade das Escrituras ( 2 Tm 3:16-17).



  • O teste dos apóstolos contemporâneos


Mais um problema para estes "profetas" modernos, que é uma questão de tempo. Eles chegaram cerca de 1900 anos atrasados! A Bíblia mostra que os dons milagrosos do Espírito Santo (incluindo-se a profecia veja 1 Co 12:7-11) eram normalmente transmitidos pela imposição das mãos dos apóstolos (Atos 8:18; 19:6), e sempre na presença pessoal de um ou mais dos apóstolos. Visto que o último dos apóstolos morreu lá pelo fim do primeiro século, qual é o meio de transmitir esses dons hoje em dia? Os profetas de hoje têm que:
- ou alegar que ainda existem apóstolos o que seria uma alegação difícil de provar, pois os apóstolos foram testemunhas oculares do Cristo ressuscitado (At 1:21-22; 1 Co 15:3-9),
- ou afirmar que a Bíblia não é confiável quando diz que esses dons eram transmitidos pelas mãos dos apóstolos (leia novamente At 8:18).
Os profetas modernos passam nestes testes?

Quando examinados à luz das Escrituras, os profetas modernos falham a cada volta. Alguns deles podem ser capazes de enganar milhões de pessoas para que aceitem e apoiem seus ensinamentos, mas grandes números de seguidores não podem transformar o erro em verdade. Esses profetas contradizem uns aos outros e, mais importante, contradizem a Bíblia. Eles falham em produzir milagres autênticos para confirmar suas mensagens. Suas predições sobre o futuro falham uma atrás da outra. Eles alegam ter dons que cessaram segundo o plano da sabedoria de Deus cerca de 1900 anos atrás. Eles pretendem ter hoje dons que foram transmitidos diretamente pelos apóstolos, ainda mesmo que os apóstolos tenham morrido 1900 anos atrás. Tais pretensões de revelações sensacionais de Deus podem atrair seguidores e seu dinheiro, mas não resistiriam ao exame cuidadoso daqueles que respeitam as Escrituras como sendo a palavra de Deus, completa e autorizada. Precisamos ter cautela com a atração mortal daqueles que nos conduziriam para longe de Deus. Jesus elogiou os cristãos de Éfeso pelo seu cuidadoso exame daqueles que traziam a eles mensagens novas e diferentes: ". . . e que não podes suportar homens maus, e que pusestes à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não o são, e os achastes mentirosos" (Apocalipse 2:2). Precisamos imitar seu exemplo, lembrando a atitude tomada pelos cristãos de Beréia, "examinando as Escrituras todos os dias para verem se as cousas eram de fato assim" (At 17:11).



Aplicação da profecia

Certas profecias têm duas formas de cumprimento: um imediato, para a época do profeta; e outro de cumprimento remoto, para dias e épocas futuras. É a chamada  “dupla perspectiva profética”. O estudante das profecias precisa discernir bem isso, para evitar confusão, especulação e violência à Palavra de Deus.

Alerta de Deus quanto aos Seus profetas

Salmos 105.15 e 1 Crônicas 16.22 trazem uma advertência divina quanto ao tratamento dos profetas de Deus: “Não toqueis nos meus ungidos e não maltrateis os meus profetas”.

Por outro lado, infelizmente, sempre houve e haverá falsos profetas e falsos mestres entre o povo de Deus (2 Pd 2.1 e Mt 24.11). Os profetas e os líderes do povo de Deus do Antigo Testamento tiveram duras refregas com os falsos profetas (Lc 6.26). O mesmo ocorreu com os líderes do povo de Deus no Novo Testamento, principalmente Paulo (At 13.6; 2 Co 11.13,26; Gl 2.4; 1Jo 4.1 e Mt 7.15). Algumas passagens igualmente importantes para reflexão sobre esse assunto são Jr 14.14-15, 23.21 e Mt 7.22.

Alguns dos falsos profetas nominados na Bíblia são Balaão (Nm 22.5; 31.8,16; Js 13.22; Ne 13.2; Jd v11 e Ap 2.14), Barjesus (At 13.6), Jezabel (Ap 2.20), Noadia (mulher) (Ne 6.4), Zedequias, filho de Quenaana (1Rs 22.11-12) e os 450 profetas de Baal e 400 profetas de Asera (1Rs 18.19).


IV. Como reconhecer falsos profetas?

A Bíblia ensina como reconhecer falsos profetas. Existem vários sinais que podem indicar se alguém é um falso profeta, se sua profecia não vem de Deus. Conhecendo a Bíblia, podemos evitar ser enganados por falsos profetas.
Jesus avisou que iriam surgir muitos falsos profetas no mundo. Isso não significa que todos os profetas são falsos. Precisamos analisar cada profecia e aprender a identificar quem é falso profeta e quem realmente recebeu uma palavra de Deus (1 Ts 5:20-21).

A Bíblia diz que as caraterísticas que identificam um falso profeta são:


  • Suas profecias não se cumprem

Esse é o sinal mais óbvio de um falso profeta. Se a profecia não se cumprir, então não foi uma profecia verdadeira (Deuteronômio 18:21-22). Se um profeta diz que alguma coisa vai acontecer e não acontece, a culpa não é da falta de fé de quem não ouviu. A culpa é do profeta, que inventou uma “profecia”, que não veio realmente de Deus.




  • Distorcem ou contradizem a Bíblia

Esse é um ponto muito importante para identificar um falso profeta. Mesmo se fizer milagres e algumas de suas profecias se cumprirem, se sua mensagem não está de acordo com a Bíblia, é um falso profeta. Não acredite nele! É uma armadilha (Gálatas 1:8-9).

Jesus disse que alguns falsos profetas teriam poder para fazer milagres e outras coisas que verdadeiros profetas fazem (Mt 24:24-25). Mas a mensagem do profeta é a coisa mais importante. Por isso, é muito importante estudar e conhecer a Bíblia, para não ser enganado por falsos profetas, com ensinamentos errados.

Descubra aqui o que é profecia segundo a Bíblia e qual é o trabalho do profeta.


  • Desviam de Deus

Alguns falsos profetas podem ser reconhecidos porque levam as pessoas a adorar outros deuses (Dt 13:1-3). Se um profeta convida a adorar ou dar mais valor a qualquer outra pessoa ou coisa que não seja Deus, é um falso profeta. Deus o castigará.

Veja aqui mais: o que a Bíblia diz sobre falsos profetas?


  • Frutos ruins

Jesus disse que podemos reconhecer falsos profetas por seus frutos (Mateus 7:15-17). O verdadeiro profeta, que segue Jesus, dá bons frutos, mas o falso profeta dá frutos ruins. Como é o caráter do profeta? Ele reconhece seus erros e sua dependência de Deus? Ele ama seus irmãos? Ninguém é perfeito mas se o profeta não tem amor nem humildade para admitir que tem falhas, algo está errado.


  • Negam Jesus

A salvação por meio de Jesus é a mensagem central do evangelho (2 Pe 2:1-3). Se um profeta nega alguma dessas coisas, é um falso profeta e sua mensagem deve ser ignorada:
Existe um só Deus Todos pecaram e merecem o castigo de Deus

Jesus é Deus, que veio à terra e viveu como homem de carne osso
Jesus morreu na cruz por nossos pecados
A salvação vem pela fé em Jesus e o arrependimento dos pecados
Jesus é o único caminho para Deus


  • São manipuladores

Um falso profeta fala mentiras em nome de Deus. Portanto, não é surpresa que seja bom manipulador, enganando as pessoas (Romanos 16:17-18). Se um profeta apenas fala o que a audiência quer ouvir, pondo de lado a mensagem do arrependimento para a salvação, ou tenta distorcer tudo sempre a seu favor, é mau sinal. Cuidado com ele. O verdadeiro profeta diz a verdade, mesmo quando dói ou é inconveniente.


  • Provocam brigas e muitos problemas

Alguns falsos profetas podem ser reconhecidos pelas pessoas que os seguem. Se um profeta ativamente incentiva controvérsias, difamações, suspeitas e brigas sobre coisas pequenas como palavras, não é bom (1 Timóteo 6:3-5).

O verdadeiro profeta deveria promover a paz e reconciliação entre irmãos, concentrando na mensagem principal do evangelho. Não é bom dar atenção desmedida a controvérsias sobre coisas secundárias, como se fossem pontos centrais do evangelho. Falsos profetas muitas vezes focam em coisas secundárias para desviar a atenção do mais importante – o evangelho de Jesus Cristo.



V. Jesus não aceitava a ação dos falsos profetas.


Hoje, esses tais obreiros podem ser contados aos milhares. Tanto aqui, como lá fora, comportam-se como os sofistas que, na Grécia antiga, eram tidos como inteligentes e sábios. Eles andejavam por toda a parte, discorrendo sobre os mais variados e ignorados assuntos. Um deles, que não entendia nada de guerra, propôs-se certa vez a ensinar estratégia a um experimentado general. Não é o que ocorre em nossos arraiais? Às vezes, surge, não se sabe de onde, um neófito com ares doutorais e que nunca pastoreou um rebanho, dizendo como se deve tanger o redil e tocar o aprisco. Mas, na verdade, o que mais querem é a lã das pobres e desamparadas ovelhas.

Eles não são nada baratos. Exorbitam nos cachês e carregam nas exigências. Por isso, sempre pregam o que os seus contratantes querem ouvir. Sabem que, se forem verdadeiros no púlpito, poderão sair de muitos templos como mentirosos. E esse risco não querem correr. Assim, deixam de ser homens de Deus para se fazerem homens do povo. Como abismo atrai abismo, também não vêem dificuldade em sustentar a iniquidade, desde que esta encha-lhes os bolsos.

E, assim, passam a vida a produzir uma teologia ímpia, mentirosa e sofismática. Aqui, esvaziam a divindade de Cristo. Ali, tiram a autoridade da Bíblia. Mais além, negam o arrebatamento da Igreja. Ainda, não satisfeitos, espalham entre o os santos costumes exóticos e detestáveis. Terminado o culto, vão embora cheios, deixando atrás de si um rebanho vazio.

Não fomos chamados a fazer teologia sob demanda. Convocou-nos o Senhor a proclamar a sua Palavra. E, para isso, temos de ser íntegros, corajosos e jamais perder o dom do amor. Quem ama, fala a verdade, pois uma mentira, bem trabalhada teologicamente, é bastante para levar todo um rebanho ao inferno.

Graças a Deus, porque temos ainda pregadores que, embora convidados a pregar por todo o Brasil, jamais negociam com a sã doutrina. Eles não temem a Balaque, nem se curvam ao peso de seu ouro. A estes, o meu reconhecimento. São autênticos pregoeiros que, fugindo ao politicamente correto, expõem a Palavra de Deus a tempo e fora de tempo. Sua teologia não é produzida sob demanda, mas nasce de um amor sincero e sacrifical pelo Senhor Jesus e sua Igreja. Antes de oradores, orantes.

Quanto aos que imitam Balaão, demonstram possuir menos inteligência que a jumenta do profeta. Embora não tivesse qualquer formação acadêmica, o animal teve olhos para ver o anjo do Senhor e a espada pronta a desferir o golpe fatal no profeta louco e ganancioso.