quarta-feira, 2 de maio de 2012

Estudo sobre Predestinação




Por: Jânio Santos de Oliveira


Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara



- Duque de Caxias- Rio de Janeiro




Jsoliveiraconstrucoes.wordpress.com


 









Dentre as doutrinas contidas na Bíblia, a predestinação é uma das mais difíceis de serem abordadas.

Predestinação, é um conceito teológico, também relacionado a filosofia, que trata do relacionamento de Deus e o homem, no sentido de que Deus consegue prever ou até decidir previamente os acontecimentos no tempo e no espaço utilizando de Sua absoluta soberania e onisciência. Segundo algumas correntes teológicas, esta capacidade que Deus possui não significa que Ele tem que usá-la na sua totalidade, abrindo assim espaço à atuação livre do Homem.

Conceitos

A predestinação divina, comum no monoteísmo, é no cristianismo relacionada à onisciência de Deus sabendo previamente tudo o que vai acontecer, no que se refere à salvação de uns e a não salvação de outros, sendo um tema dos ensinamentos de Agostinho de Hipona e de João Calvino. Para S. Agostinho a salvação não dependeria dos próprios seres humanos, mas sim de uma intervenção divina, da graça divina, algo que seria absolutamente necessário para a salvação. Dessa maneira, pode-se dizer que os "condenados" são nalguma medida escolhidos por Deus, ou melhor, os "não-escolhidos". Tais argumentos foram levantados por exemplo na Inquisição espanhola, no final do século XV.

Os cristãos entendem a doutrina da predestinação como a salvação que Deus planejou para os homens. A doutrina, na perspectiva de Deus, salva aqueles que Ele já escolheu desde a eternidade, podendo até, segundo algumas correntes teológicas, escolher toda a humanidade; e por outro lado, na perspectiva humana, em que cada pessoa, sendo livre, é responsável pela sua escolha de aceitar ou rejeitar a Deus e à sua graça. As opiniões sobre a predestinação no cristianismo variam dando ênfase a uma ou a outra perspectiva.

A predestinação também é associada a outras teorias materialistas, espiritualistas, politeístas, destino, carma, convicções filosóficas e outras religiões, numa perspectiva de que se o futuro é imutável então somente um grupo de eventos podem ocorrer, outros teorizam que qualquer evento é imprevisível e ocorrem por pura sorte ou acaso.

Predestinação Absoluta de Calvino

A doutrina da predestinação está particularmente associada ao Calvinismo. A predestinação é um elemento que descende da teologia de João Calvino. Dentro do espectro de crenças quanto à predestinação, é no Calvinismo que possui sua forma mais enfática entre cristãos. Ensina que a predestinação de Deus é fruto de sua onisciência, como presciência, cuja qual, Ele rege de acordo com a Sua vontade e absoluta soberania, em relação as pessoas e acontecimentos. E numa forma insondável, por muitas vezes não compreensível ao nosso entendimento, Deus age continuamente com liberdade total, de forma a realizar a Sua vontade de forma completa.

Por outras palavras, o Calvinismo baseia a sua doutrina da predestinação na perspectiva de que Deus predestina previa e absolutamente a humanidade, escolhendo entre os homens aqueles que irão salvar-se e aqueles que vão ser condenados. Esta doutrina de algumas correntes teológicas protestantes (não todas) tira ao Homem qualquer possibilidade de rejeitar ou aceitar livremente a graça divina, ao contrário do Catolicismo.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Existem alguns segmentos evangélicos que defendem a doutrina calvinista como é o exemplo da Igreja Cristo Vive do “Apóstolo Miguel Ângelo. Veja:

2. O “SER PREDESTINADO E ESCOLHIDO PARA A SALVAÇÃO” NÃO DEPENDE DO NOSSO LIVRE ARBÍTRIO E SIM DA VONTADE DE DEUS.

a) Ef 1:11 - Predestinados e escolhidos segundo a vontade dEle
b) Jo 15:16 - Não me escolhestes vós, mas Eu vos escolhi
c) Ef 1:5 - Nos predestinou para sermos Seus filhos
d) 1ª Pe 1:2 - Eleitos segundo a presciência de Deus
e) Rm 10:20 - Fui achado pelos que não me buscavam e me manifestei aos que não procuravam por mim

3. CRERÃO EM JESUS CRISTO SOMENTE OS QUE ESTÃO ORDENADOS (PREDESTINADOS PARA A VIDA ETERNA).

a) At 13:48 - Creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna
b) Jo 18:37 - Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz
c) Rm 8:29 - Porque aos que antes conheci também predestinei
d) Rm 8:30 - Aos que predestinei, chamei; aos que chamei também justifiquei; e aos que justifiquei, a esses também glorifiquei

4. SÓ SE SALVARÃO OS QUE TÊM OS SEUS NOMES ESCRITOS NO LIVRO DA VIDA.

a) Ap 21:27 - Somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro
b) Dn 12:1 - Será libertado o teu povo (os predestinados que tem o nome escrito no livro da vida)
c) Lc 10:20 - Regozijai-vos porque os vossos nomes estão arrolados nos céus
d) Ap 3:5 - Não apagarei seu nome do livro da vida

5. CRISTO FOI DESTINADO DESDE ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO PARA SALVAR UNICAMENTE OS SEUS FILHOS (OS PREDESTINADOS).

a) 1ª Pe 1:19, 20 - Cristo foi destinado a morrer antes da fundação do mundo
b) Ef 5:25 - Cristo amou a Igreja e se entregou a si mesmo por ela (os predestinados)
PALAVRA FINAL: Judas 4 - Homens destinados para a perdição, ímpios que fazem da graça de Deus libertinagem. Toda pessoa que nega a Soberania de Deus já é condenada.

IGREJA EVANGÉLICA CRISTO VIVE

Quando as pessoas leigas no assunto se deparam com esses ensinamentos logo ficam confundidas por não saber com quem está a verdade. Foi com o objetivo de trazer esclarecimento teológico que me propus a trazer aos internautas e leitores da webservos o estudo que se segue:

Creio que poderíamos identificar três razões para essa dificuldade:

A. Rejeição em função de nossa natureza pecaminosa – 
Nossa natureza, influenciada pelo pecado, traz uma tendência de rejeição da exaltação do Deus Soberano, ao mesmo tempo em que passa a considerar o homem superior àquilo que ele realmente é. Nesse sentido, tendemos nos apresentar numa posição de autonomia e superioridade, contrariando o que a Palavra de Deus nos revela sobre o nosso ser. As pessoas fazem um grande esforço para se desvincularem da esfera de autoridade divina, e para tirarem Deus da regência de suas vidas e do seu destino.

B. Distorção, por insuficiência de base bíblica –
Às vezes, a doutrina é apresentada, ou absorvida com um exame superficial da base bíblica. Se todos os ângulos não forem estudados, ou se recorrermos mais ao “eu acho”, “eu penso”, do que a uma aceitação sem preconceitos do que a Bíblia revela, sobre as ações e planos do Deus soberano, saímos com uma idéia distorcida dessa doutrina.

C. Diluição, para facilidade de compreensão –
Muitas vezes, temos a idéia de que a veracidade ou não de uma doutrina está baseada na nossa capacidade de compreensão total da mesma, esquecendo-nos de que nossa compreensão é finita, imperfeita e limitada. A diluição, ao nível de nossa capacidade, traz uma série de problemas secundários que tornam a doutrina, no cômputo final, diferente da apresentação bíblica e de impossível aceitação, mediante um estudo sério da questão.

Quando estudarmos a predestinação teremos, portanto, de estar cientes das dificuldades do estudo mas, se tivermos seriedade e humildade para aprender o que Deus nos revelar em sua palavra, devemos ter a disposição de considerar:

4. O fato de que, quanto mais aprendermos e exaltarmos a pessoa de Deus, mais cresceremos espiritualmente e mais chegaremos perto de nossa finalidade que é a de glorificarmos a ele, em todas as nossas ações.

II. O Plano de Deus – No seu relacionamento com o homem, Deus tem um PLANO, que é mais do que um mero MAPA, constituído de caminhos alternativos, para se chegar a dois destinos finais. A Bíblia nos diz que Deus tem um plano – este plano é: A. Eterno. Is 46.9 e 10, diz: “ Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antigüidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (veja também: 2Tm 1.9; Sl 33.11; Is 37.26; Jr 31.3; Mt 25.34; 1 Pe 1.20; Sl 139.16; 2 Ts 2.13; At 15.17,18).

B. Imutável. Tg 1.17-18, diz: “ Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança...” (veja também: Is 14.24,27; Is 46.10,11; Nm 23.19; Ml 3.6).

C. Inclui os atos futuros dos homens.
Isso pode ser visto em todas as profecias da Bíblia, mas considere, especialmente, Mt 20.18 e 19: “Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas.Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia, ressurgirá”; e Lc 22.22: “Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído” (veja também: Dn 2.28 e Jo 6.64).

D. Inclui os eventos não importantes, ou ocasionais.
Como lemos em Pv 16.33:“A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (veja também: Jn 1.7; At 1.24,26; Mc 14.30; 1 Rs 22.28-34).

E. Especifica a certeza e a inevitabilidade dos eventos.
Já vimos isso em Lc 22.22, acima, e o mesmo conceito está presente em Jo 8.20: “... ninguém o prendeu, porque não era ainda chegada a sua hora” (veja também: Gn 41.32; Hq 2.3; Mt 24.36; Lc 21.24; Jr 15.2; Jó 14.5; Jr 27.7). F. Até os atos pecaminosos do homem estão incluídos (sem que Deus seja o autor de pecado). Lemos em Gn 45.8, que as ações malévolas dos irmãos de José faziam parte do plano de Deus: “Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito”. Deus, entretanto, não é o autor do pecado, como nos ensina Tg 1.13 e Dt 32.4: “Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (veja também: Sl 5.4; Tg 1.13; Gn 50.20; Mt 21.42; At 3.17-18; Am 3.6).

III. O livre arbítrio e a liberdade – 
O nosso conceito de liberdade e de livre arbítrio é muitas vezes identificado com a execução de ações erráticas, aleatórias, sem nenhum enquadramento em um modelo comportamental ou sem nenhuma ligação com a natureza e características intrínsecas das pessoas. Será que é mesmo assim? Vamos repensar um pouco os nossos conceitos, partindo de um exame da doutrina bíblica sobre a pessoa de Deus:

E o HOMEM, ele é livre?
1. SIM, o homem é livre no sentido de que suas escolhas não são determinadas, em linhas gerais, por nenhuma compulsão externa. Podemos dizer que ele tem LIVRE ESCOLHA.

2. ENTRETANTO, suas ações são determinadas pela natureza de seu próprio caráter, e nós sabemos que esta natureza é só pecado (Rm. 3.10-23). Neste sentido, ele não tem LIVRE ARBÍTRIO de escolher o bem, pois é escravo do pecado. Este “livre arbítrio” foi perdido com a queda, em Adão.

3. Mesmo não possuindo “livre arbítrio”, definido como a possibilidade de escolha do bem, a “liberdade” que possui, definida como livre agência, não é incompatível com o enquadramento do Homem nos planos divinos. Deus, soberanamente, executa os seus desígnios ATRAVÉS da vontade das suas criaturas (veja os seguintes trechos: Fp 2.13; Pv 20.24; 2 Co 3.5; Jr 10.23; Rm 9.16 e Tg 4.13-15).

* Talvez não compreendamos COMO Deus faz isso – como Ele preserva a livre agência, mas executa com precisão os Seus planos. Mas a aceitação dos pontos 2 e 3, acima, é a chave para entendermos melhor a doutrina da soberania de Deus e a própria predestinação. Não é negando a existência do plano de Deus, nem diminuindo a sua soberania, que retratamos a realidade expressa na Bíblia sobre essas questões. Não possuímos “livre arbítrio”, mas Deus é infinitamente soberano e onipotente para executar seus planos, sem violação da LIVRE AGÊNCIA que nos concedeu. IV. Deus realmente determina as ações do homem? Cremos que sim. Na execução do seu plano soberano ele determina “tudo que acontece”, mas muitos têm dificuldade na aceitação deste fato. Na realidade, temos apenas duas posições possíveis, ou Deus determina as ações do Homem, ou Ele não determina estas e o homem é completamente autônomo.

Concordamos que este é um ponto de difícil compreensão. Alguns tentam contornar este problema dizendo que Deus não determina, na realidade, mas como Ele tudo conhece de antemão, Ele “determinaria”, ou “predestinaria”, as coisas que Ele sabe que irão acontecer. Ou seja, a sua determinação é dependente do Seu conhecimento prévio, de sua onisciência. Com isso, procura-se deixar as pessoas “livres”.

Será que é mesmo assim e que esta posição resolve o problema? Cremos que não! Querer resolver o problema da “liberdade humana” ancorando a soberania de Deus e a sua predestinação na onisciência dele, traz uma solução apenas aparente mas não real. A Confissão de Fé de Westminster, em seu Cap. III, seção 2, diz que Deus “... não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura”. Vejamos a posição contrária: se ele determina, simplesmente porque conhece de antemão (como, por exemplo, falando-se das profecias registrada na Palavra de Deus), na hora em que ele houvesse determinado, essas situações se tornariam fixas e imutáveis. Dificilmente um cristão dirá que Deus não é soberano, ou que ele não cumpre o que profetizou. Sendo Ele soberano as coisas serão cumpridas, como previamente registradas. Como fica, então, a defesa da liberdade irrestrita das pessoas, do “livre arbítrio”, neste sentido? E se os homens, segundo esse conceito, que são os agentes diretos do cumprimento das determinações que Deus colocou no seu plano (apenas “porque Ele já conhecia”), na última hora resolverem “mudar de idéia”, como fica esse plano de Deus? Deus também ficará mudando, à mercê das determinações do homem, e até quando?

Vemos que procurar escapar à imensa evidência bíblica que ensina a irrestrita soberania de Deus, o seu plano sábio e sua onipotência no cumprir tudo que antes predeterminou, com o sofisma de que Deus realmente não determina, mas apenas conhece previamente, não traz qualquer pretensa “liberdade” ao homem, a não ser que se pretenda reduzir o poder de Deus. A seguir, temos um diagrama com as diferentes alternativas, posições e algumas referências bíblicas, mostrando como podemos organizar os dados das Escrituras e, até onde levam alguns pensamentos e deduções:

V. A Predestinação –
Dentro do contexto bíblico, que estamos estudando, a Predestinação é simplesmente um ponto específico deste plano de Deus. O nosso Deus é soberano e não existe uma área sequer do universo, da nossa vida e existência, que não esteja sob esta soberania e regência, inclusive a questão da salvação de almas.

A. Definição: Poderíamos definir a Predestinação como sendo:

O aspecto da pré-ordenação de Deus, através do qual a salvação do crente é considerada efetuada de acordo com a vontade de Deus. Que o chamou e o elegeu em Cristo, para a vida eterna, sendo a sua aceitação VOLUNTÁRIA, da pessoa e do sacrifício de Cristo, uma CONSEQUÊNCIA desta eleição e do trabalho do Espírito Santo, que efetiva esta eleição, tocando em seu coração e abrindo-lhe os olhos para as coisas espirituais.

B. A Fonte da Predestinação:

É a Soberana Vontade de Deus. No capítulo 6 do Evangelho de João, temos três versículos pertinentes: 37 – “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”; 44 – “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”; e 65 – “E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido” (veja também – Ef 1.4, 5 e 11; Rm 9.11, 16).

C. A Causa da Predestinação:
É a misericórdia infinita de Deus e a manifestação de sua glória. Rm 9.23 diz – “... a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão” (veja também – Rm 11.33; Ef 1.6 e Jo 3.16).

D. Os Objetos da Predestinação: Pessoas pecadoras. Note Jo 1.12 e 13 – “ Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (veja também esses versos, todos em João – 5.21; 6.65; 10.26 e 27; 12.37-41; 15.16; 17.6-8).

E. Os Meios para a concretização da Predestinação:
1. O chamado externo – Mt 22.14 “ Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos” .

2. A resposta ao chamado interno (crença) – At 13.48 “... e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”.

VI. A Doutrina da Predestinação, na História. 
Vamos dar uma olhada “relâmpago” na acolhida, exposição e reflexos das doutrinas relacionadas com a Soberania de Deus, com Seus decretos e, especialmente, com a Predestinação através da história:

A. Entre os Judeus:
Os Judeus aceitavam normalmente a idéia de Deus, expressa no Antigo Testamento, que o apresenta como estando em controle de tudo e de todos, dirigindo os passos e os destinos dos homens, como indica Pv 16.33 – “ A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (veja também – Am 3.5 e 6; Is 45.7 e Jo 9.2).

B. Na História da Igreja Neo-testamentária:

1. Ensinada por Jesus – Jo 5.21; 6.65; 10.27; 15.16.
2. Explanada por Paulo – Rm 9.1-16; Ef 1.4,5-11.
3. Registrada por João, Lucas e outros: Jo 1.12,13; At 13.48
4. Aceita pelos Patriarcas da Igreja, como por exemplo: Policarpo, Irineu e Eusébio.

É verdade que controvérsias teológicas sobre a "Predestinação" têm causado grande confusão na vida religiosa de muitos cristãos. Devemos saber o que deu origem a isto.

Na Bíblia, há muitas passagens que poderiam ser interpretadas como indicadoras de que a fortuna ou a desgraça, a felicidade ou o sofrimento de qualquer indivíduo, assim como a salvação ou condenação dos homens decaídos, e a ascensão e queda das nações, ocorressem de acordo com a predestinação de Deus. Por exemplo, a Bíblia diz:

"Aos que predestinou a estes também chamou e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou." (Rm 8.30)

Diz-se também:

"Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende daquele que quer, nem do que se esforça, mas de Deus, que compadece." (Rm 9.15-16).

Diz-se outrossim (Rm 9.21): "Não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" Além disto, diz-se (Rm 9.11) que Deus amou Jacó e odiou Esaú enquanto ainda estavam no útero da mãe, e disse que o mais velho serviria ao mais jovem.

Deste modo, há ampla fundamentação bíblica para justificar a "predestinação completa". No entanto não devemos nos esquecer que há também muitas passagens bíblicas que negam a predestinação completa. Por exemplo, quando vemos que Deus advertiu aos primeiros antepassados humanos que não comessem do fruto (Gn 2.17) a fim de evitar que caíssem, é evidente que a queda do homem não foi a predestinação de Deus, senão o resultado da desobediência do homem ao mandamento de Deus. Lemos também (Gn 6.6) que Deus se arrependeu de ter posto o homem na Terra. Se o homem tivesse caído de acordo com a predestinação de Deus, não haveria motivo algum para que Ele sentisse pesar por ter criado o homem, cuja queda Ele teria predestinado. João 3.16 diz que todo aquele que crer em Jesus não perecerá.

Predestinação da Vontade

Por exemplo, quando a vontade de Deus para realizar a finalidade da criação centralizando-se em Adão falhou, Ele enviou Jesus como o segundo Adão, procurando realizar a vontade centralizando-se nele, porque Sua predestinação da vontade era absoluta. Quando esta vontade resultou novamente em fracasso, devido à falta de fé do povo (cf. Parte I, Capítulo IV, Seção I, 2), Jesus prometeu que o Senhor viria e realizaria a Vontade sem falta (Mt 16.27). Também na família de Adão, Deus tinha a intenção de assentar o fundamento para receber o Messias, por meio de Sua providência centralizada em Caim e Abel.

Contudo, esta Vontade terminou em fracasso quando Caim matou Abel. Deus então Se propôs a cumprir Sua vontade por meio da família de Noé. Quando a família de Noé falhou em cumprir esta Vontade, Deus teve que estabelecer Abraão para realizar a Vontade. Em outra ocasião, Deus tentou realizar a Vontade, que Abel falhou em cumprir, estabelecendo Set (Gn 4.25). Ademais, procurou realizar a Vontade não cumprida por Moisés escolhendo Josué como seu substituto (Js 1.5); e, de novo, tentou completar a Vontade irrealizada devido à traição de Judas Iscariotes, elegendo Matias (At 1.15).

o Cumprimento da Vontade

Como ficou esclarecido no "Princípio da Criação", a finalidade da criação de Deus deve ser realizada somente pelo cumprimento da porção de responsabilidade do homem. A vontade para a providência da restauração, que é realizar esta finalidade, sendo absoluta, não deve ser frustrada pelo homem. Contudo, o homem deve cumprir sua própria porção de responsabilidade, para que a Vontade se cumpra. Portanto, o propósito divino da criação devia cumprir-se somente realizando o homem sua porção de responsabilidade, não comendo do fruto da Árvore da Ciência do Bem e do Mal (Gn 2.17).

Por conseguinte, mesmo ao realizar o propósito da providência da restauração, a Vontade pode cumprir-se somente por meio da realização da responsabilidade do homem pela figura central encarregada da missão. Nos dias de Jesus, o povo devia ter acreditado em Jesus de maneira absoluta, para que ele pudesse cumprir o propósito da providência da salvação. No entanto, devido à falta de fé, não puderam cumprir sua porção de responsabilidade e, por conseguinte, o cumprimento da Vontade teve que ser adiado até o dia do segundo advento.

Predestinação do Homem Adão e Eva poderiam ter se tornado antepassados humanos bons se tivessem cumprido sua porção de responsabilidade, obedecendo a injunção divina de não comerem do fruto da Árvore da Ciência do Bem e do Mal, mas falharam em fazê-lo. Portanto, Deus não podia predestiná-los, de maneira absoluta, a serem antepassados humanos bons. No caso dos homens decaídos, um homem escolhido poderia tornar-se uma pessoa da predestinação de Deus somente cumprindo sua porção de responsabilidade. Portanto, Deus não pode predestinar uma determinada pessoa com absoluta certeza de que ela chegará a ser o que está predestinada a ser.



A predestinação se refere aos atos de Deus e não dos homens; Ele não nos robotiza; fez-nos seres responsáveis. Quando chegarmos aos céus Deus dirá: Aqui estão os predestinados para a salvação. Que Deus nos ajude a chegarmos lá. Amém.

Prometo que darei continuidade a este estudo mais na frente, pois o espaço é insuficiente para comportar a matéria.

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