quarta-feira, 2 de maio de 2012

Asafe entra no Santuário e vê o fim da falsa teologia da prosperidade



Por: Jânio Santos de Oliveira


Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara



 - Duque de Caxias - RJ


janio-estudosteolgicos.blogspot.com


 




Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!

(Sl 73.1-3,5,16-20,26-28).

1 - Verdadeiramente, bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração.

2 - Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos.

3 - Pois eu tinha inveja dos soberbos, ao ver a prosperidade dos ímpios.

5 - Não se acham em trabalhos como outra gente, nem são afligidos como outros homens.

16 - Quando pensava em compreender isto, fiquei sobremodo perturbado;

17 - até que entrei no santuário de Deus; então, entendi eu o fim deles.

18 - Certamente, tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.

19 - Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.

20 - Como faz com um sonho o que acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.

26 - A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração e a minha porção para sempre.

27 - Pois eis que os que se alongam de ti perecerão; tu tens destruído todos aqueles que, apostatando se desviam de ti.

28 - Mas, para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no SENHOR Deus, para anunciar todas as tuas obras.

A verdadeira prosperidade consiste em ter a Deus como o nosso Supremo Bem, como nosso Criador, Salvador e Senhor.

Observe o que a Palavra de Deus diz sobre a falsa prosperidade em detrimento às riquezas espirituais:

(Mc 4.18,19)

1. O perigo das riquezas materiais

(1 Tm 6.9-11)

2. A armadilha das riquezas materiais

(1 Tm 6.17-19)

3. Como deve o rico proceder

(Rm 9.22-24)

4. A glória das riquezas espirituais

(Ef 1.7-10)

5. A graça das riquezas espirituais

(Ef 3.16-18)

6. As insondáveis riquezas espirituais


No Antigo Testamento a palavra hebraica para prosperidade é tsālēach. Esse termo é usado em relação ao sucesso que o Eterno deu a José (Gn 39.2,3,33) e a Uzias (2 Cr 26.5). 


O vocábulo significa “ter sucesso”, “dar bom resultado”, “experimentar abundância” e “fecundidade”.

No contexto bíblico, a verdadeira prosperidade material ou espiritual e resultado da obediência, temor e reverência do homem a Deus.

Prosperidade: Estado daquele que é próspero, bem sucedido, feliz ou afortunado.

O que se apregoa hoje em muitos púlpitos sobre as riquezas materiais nada tem a ver com os ensinamentos bíblicos acerca do tema.

Não obstante haver riquezas legítimas e honestas (Pv 13.11b; Sl 112.1-3; Ec 5.19), há também as fraudulentas e desonestas (Pv 16.8b; Jr 17.11; Tg 5.1-3).

Afinal, o que é a verdadeira prosperidade?

I. PORQUE OS ÍMPIOS PROSPERAM

1. A decepção de Asafe. O Salmo 73 retrata com fidelidade a forma como muitos de nós nos portamos ao ver a prosperidade dos ímpios, enquanto no meio cristão muitos têm de lutar de sol a sol para ganhar o pão de cada dia (Mt 6.11).

Ficamos decepcionados, melindrados, a ponto de quase esfriarmos na fé (vv.2,16).

Isso porque na maioria dos casos nossa expectativa quanto à prosperidade não é fruto de um desejo legítimo, mas da cobiça daquilo que os outros possuem (v.3; Gl 5.26; Tg 3.14-16).

Asafe sentiu na própria carne a inveja de ver a prosperidade dos ímpios a ponto de os seus pés quase se resvalarem no abismo da incredulidade.

“Pouco faltou”, escreveu ele no v.2.

Ele ficou perplexo ao considerar essa prosperidade dos pecadores uma “injustiça” contra os filhos de Deus.

2. O questionamento de Asafe.

Asafe produziu suas justificativas, como sempre fazemos em nossos próprios arrazoados.

Para o salmista, tais indivíduos não tinham apertos em sua morte (Sl 73.4), não eram afligidos pela necessidade do trabalho de cada dia ou por qualquer outra circunstância.

Viviam cercados de segurança, desfrutavam da abundância de seus bens, mas não obstante serem pessoas violentas, presunçosas, em cujo coração maquinavam sempre o mal (vv.4-16; Lc 12.15-21).

Lembremo-nos a princípio que o ímpio tem a riqueza como um fim em si mesmo e não como um meio, como deve ser (1 Tm 6.17-19).

3. A descoberta de Asafe.

Asafe não permaneceu na sua angústia, nem na murmuração. É tanto que, antes de descrever seus sentimentos negativos sobre a prosperidade dos ímpios, fez uma impactante declaração: “Verdadeiramente, bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração” (v.1).

Em outras palavras, eleja obtivera a resposta para as suas dúvidas e o que agora expunha eram as reflexões do seu passado, consoante à forma verbal pretérita que aparece no (v.3): “eu tinha”.

Assim, quando Asafe entra no santuário de Deus, o soberano Rei da Glória, os fatos se esclarecem (v.17).

Ele percebe a transitoriedade da vida e Deus lhe traz à memória que os ímpios vivem em lugares escorregadios, são, eventualmente, tomados pelo pânico, não desfrutam a paz que aparentam e, ao final, como um sonho, desaparecerão (vv.18-20).

Ou seja, a prosperidade material é fugaz, efêmera, e não assegura a quem quer que seja qualquer tipo de vantagem na eternidade nem a posse da vida eterna (Mt 19.16-21). Tudo quanto se acumula na terra, aqui ficará (Mt 6.19-21; Sl 39.6; 49.16,17).

O Salmo 73 retrata o incômodo que a prosperidade dos ímpios traz ao crente que possui uma visão distorcida do sucesso alheio.

Somente uma compreensão correta da natureza e autoridade divinas é capaz de fazê-lo olhar na direção certa.

II. O SIGNIFICADO DA VERDADEIRA PROSPERIDADE

1. Deus é o nosso Supremo Bem. O salmista Asafe afirma que reversamente aos ímpios, ele está de contínuo com Deus por quem é permanentemente guiado, para, ao fim, ser por Ele recebido em glória (vv.23,24).

Haverá maior riqueza do que esta? Afirma ele: “tu me seguraste pela mão direita”, e não pela mão esquerda, afirmando com esta figura de linguagem que Deus sempre nos conduz de maneira certa e pelos lugares certos (Sl 23.1-3).

O versículo 25 expressa a verdadeira prosperidade do homem: Deus como o seu Supremo Bem, assim como o seu mais sublime desejo.

É o mesmo anseio de Davi (Sl 42.1,2) e de outros fiéis da história que se sentiram inquietos pela necessidade da presença do Deus vivo! Que outro bem maior pode o homem ter além de Deus?

2. Deus é a fonte da verdadeira prosperidade (v.26).

Tudo começa e termina em Deus, pois fomos criados para a sua glória! Tudo pode faltar, a vida esvair-se, mas Deus é a nossa herança para sempre (vv.26-28).

Ele é a fonte da verdadeira prosperidade!

Assim, tudo o que temos precisa constituir-se em motivo para que o nome de Deus seja exaltado (1 Co 10.31). Este é o verdadeiro foco.

Deus acima de todas as coisas. Podemos até desfrutar das riquezas materiais como fruto da capacidade que Deus dá a todos para administração da sua vida, mas tudo se restringirá às coisas terrenas (Dt 8.18).

O significado da verdadeira prosperidade é o próprio Senhor. Deus é o Supremo Bem que o crente deve anelar acima de todas as coisas.

III. COMO ALCANÇAR A VERDADEIRA PROSPERIDADE

1. O Novo Testamento e a verdadeira prosperidade.

O Antigo Testamento contém muitas promessas relacionadas à prosperidade material de pessoas específicas e também do povo de Israel como nação (Gn 13.2; 39.2-5; Js 22.8; 1 Rs 2.3).

Os conceitos que elas expressam permanecem válidos ainda hoje como verdades espirituais, mas isso não quer dizer que possuir riquezas materiais seja sinal de espiritualidade ou que estas sejam objeto de fé, como ensinam os arautos da falsa doutrina da prosperidade material.

Uma leitura honesta do Novo Testamento deixa claro que em nenhum momento ele estimula o acúmulo de bens ou aponta a prosperidade material como um fim permanente a ser buscado na vida do cristão.

Ao contrário, as riquezas são descritas como algo que pode servir de obstáculo à comunhão com Deus e até mesmo levar à ruína espiritual (Mt 6.19-21; 10.23; 13.22; 1 Tm 6.9)

Os textos de Mateus 6.33 e Filipenses 4.13 são usados erradamente como base para a maléfica doutrina da prosperidade, os quais não respaldam o referido assunto.

O primeiro, à luz de seu contexto, trata da provisão diária de cada um que busca a Deus em primeiro lugar, tal qual o Senhor provê diariamente o pão para as aves dos céus e as vestes para os lírios do campo.

O segundo, também à luz de seu contexto, alude ao fato de o crente estar bem com Deus em qualquer circunstância, seja na fartura, seja na necessidade, desde que tudo esteja posto sob a perspectiva de Deus.

2. Vivendo a verdadeira prosperidade. Assim, a verdadeira prosperidade não é essa que vem sendo ultimamente apregoada como a grande conquista do Evangelho.

Mas se os bens materiais não são o cerne da mensagem evangélica e nem a meta de vida do crente, pode ele possuir riquezas, sem que isso signifique pecado? É possível prosperar materialmente, mediante o uso da capacidade que Deus nos deu sob suas bênçãos, e desfrutar do bem desta terra?

A Bíblia fala de pessoas ricas no meio da igreja, mas adverte a que não ponham nas riquezas a sua confiança, sejam ricas em boas obras, generosas e prontas a repartir, tendo como sua verdadeira meta entesourar para a vida eterna (1 Tm 6.17-19).

A prosperidade material além de não ser o alvo da fé cristã, não ratifica a espiritualidade do crente.

Alcançamos, portanto, a verdadeira felicidade quando Deus é o nosso Supremo Bem, “pois nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17.28).

Provavelmente Asafe não teria dificuldades com o tema do seu problema, uma vez que a "prosperidade financeira" é mensagem central na maioria dos púlpitos evangélicos.

Não causaria estranheza que antes mesmo de atravessar os portais de muitos templos já recebesse a garantia de que "todos os seus problemas seriam resolvidos".

Então, quais as soluções atuais mais prováveis para o dilema de Asafe ?

Não tenho dúvidas que Asafe ouviria que a causa do seu problema são os encostos.

Entidades malignas que "encostaram" no levita e que por isso ele estava derrotado financeiramente.

A solução para afugentar os tais encostos são diversas: campanha das sete rosas, sessões de descarrego, corrente dos valentes, troca de anjo, desencapetamento total.

Todavia, nada disso teria sucesso sem uma generosa contrapartida financeira como demonstração de fé.

Outra sugestão seria a necessidade de que Asafe repensasse a sua teologia. Alguns apontariam que o fracasso de Asafe tinha como causa sua doutrina ultrapassada.

A primeira coisa que ele deveria fazer era abandonar a concepção de que ser pobre poderia ser a vontade de Deus para a sua vida.

Jamais! Pobreza é coisa do diabo! Ele precisaria assumir o fato de que Deus o queria como "cabeça" e não por "cauda".

Assim, para trazer a existência o que não existe, ele deveria confessar positivamente sua prosperidade material.

Algumas medidas seriam indispensáveis: quebrar as maldições hereditárias da pobreza e reivindicar "por direito" que Deus conceda a bênção divina da prosperidade financeira.

Muito provavelmente Asafe seria apresentado a mais recente onda evangélica brasileira: a teologia das sementes.

A idéia em torno dessa nova maneira de pensar a vida cristã é que tudo gira em função de sementes financeiras que são plantadas em algum importante ministério, notadamente aqueles que possuem amplos espaços midiáticos.

Uma vez plantada a semente financeira, as bênçãos, não apenas materiais, mas também cura divina, salvação de parentes entre outras são liberadas para a pessoa.

O ponto alto da teologia das sementes é quando a mesma é determinada monetariamente pelo "profeta" de Deus.

Nesses casos, o valor da semente é definido (geralmente ultrapassam o salário mínimo) e, vinculado ao desafio, uma promessa específica é anunciada.

Certamente que Asafe seria convidado a "entrar" na tal visão que sutilmente apresenta-se como legitimamente bíblica.

As possibilidades até aqui apresentadas não são nada animadoras.

Mas estou certo de que as opções atuais não se encerram com o cenário exposto.

Asafe poderia encontrar, talvez em menor número, alguns santuários cujo Evangelho é proclamado com zelo e fidelidade escriturística.

Nesse caso, algumas transformações efetivamente começariam a acontecer com o levita. A primeira seria uma drástica mudança de foco.

Ao ouvir o Evangelho Asafe perceberia que a sua perspectiva quanto a condição dos ímpios estava errada.

Isso porque a grande "ênfase" do Evangelho não reside na temporalidade passageira desta vida, mas no destino eterno dos homens: "compreendi o destino dos ímpios" (73.17).

A pregação simples da cruz acabaria por expor que de nada adianta acumular tesouros nesta existência em razão de que tal estilo de vida é "como um sonho que se vai quando acordamos" (73.20).

Outra importante lição seria que a espiritualidade e a comunhão com Deus não podem ser definidas a partir da prosperidade financeira: "no íntimo eu sentia inveja, agi como insensato e ignorante;" (73.21,22).

Mesmo o crente "afligido e castigado" (73.14) com as dificuldades próprias desta existência pode descansar em Deus pelo fato de que "sempre estou contigo; tomas a minha mão direita e me susténs.

Tu me diriges com o teu conselho e depois me receberás na glória" (73.23,24).

Além de tudo isso, uma das coisas mais fascinantes que aconteceria com o levita era que o seu coração seria direcionado para novos desejos, não as coisas deste mundo, mas Deus mesmo seria a sua maior aspiração: "A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti." (73.25).

Essas transformações operadas pelo Evangelho com certeza remodelariam sua piedade e missão.

Para Asafe, aquilo que o sustentaria numa vida piedosa não seriam seus esforços próprios nem os inúmeros rituais religiosos, porque sua piedade seria definida simplesmente pelo fato de "estar perto de Deus pois o meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre" (73.28,26).

A missão de Asafe ganharia um ímpeto diferente, agora ele assumiria o compromisso vocacional: "proclamarei todos os teus feitos" (73.28).


Depois de tudo isso, ouviríamos novamente Asafe declarar que seus dilemas fo-ram solucionados, pois, enfim, ele entrou no santuário, "no santuário de Deus".

Somente no santuário de Deus os homens são exortados a olharem para Cristo. "Olhem para Cristo. Detenham-se diante da cruz, encarem-na e tentem explicá-la confesse sua cegueira, o seu preconceito, a sua insensatez em confiar em seu próprio entendimento

“Se entregue incondicionalmente a Cristo, e verá a vida com inteireza e bem aventurança que você jamais conheceu antes”

Se você não deseja viver dias de frustração, siga os ensinamentos da Palavra de Deus que diz:

“Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

Amém!

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