quarta-feira, 2 de maio de 2012

Antinomianismo Legalismo qual dos dois é mais perigoso?




Por: Jânio Santos de Oliveira




Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara


 - Duque de Caxias- Rio de Janeiro



Jsoliveiraconstrucoes.wordpress.com


 






Para a base do estudo nesta oportunidade vamos meditar em Jo 14.15; Rm 3.27-31; Rm 6.1,2; 1 Jo 2.3-6; 1 Jo 5.1-3


Há um antigo verso que serve para ilustrar bem o tema antinomiano. O verso diz: “Livre da lei, que maravilhosa condição, pode pecar quanto quiser e ainda alcançar a remissão“. Antinomianismo significa literalmente “antilei”.

Ele nega ou diminui a importância da lei de Deus na vida do crente. É o oposto da heresia gêmea, o legalismo. Os antinomianos cultivam aversão pela lei de várias maneiras.

Alguns acreditam que não têm obrigação de obedecer às leis morais de Deus porque Jesus os libertou da lei. Insistem em que a graça não só liberta da maldição da lei de Deus, mas também nos liberta da obrigação de obedecê-la.

A Graça, pois, se torna uma licença para a desobediência. O mais surpreendente é que as pessoas defendem este ponto de vista a despeito do ensino vigoroso de Paulo contra ele. Paulo, mais do que qualquer outro escritor do Novo Testamento, enfatizou as diferenças entre a lei e a graça.
Ele se gloriava na Nova Aliança. Mesmo assim, foi muito explícito em sua condenação do antinomianismo.

Em Romanos 3.31 ele escreve: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei.”. Martinho Lutero, ao defender a doutrina da justificação pela fé somente, foi acusado de antinomianismo. Ele, no entanto, afirmava com Tiago que “a fé sem obras é morta”.

Lutero discutiu com seu discípulo João Agrícola sobre esta questão. Agrícola negava que a Lei tivesse qualquer propósito na vida do crente. Negava até mesmo que a lei servisse para preparar o pecador para a Graça. Lutero respondeu a Agrícola com sua obra Contra o Antinomianismo em 1539.

Posteriormente, Agrícola se retratou de suas idéias antinomianas, mas a questão permaneceu. Teólogos luteranos posteriores afirmaram a visão de Lutero da lei.

O erro primário do antinomianismo é confundir justificação com santificação.

Legalismo significa pôr as regras acima de Deus e das necessidades humanas.

A Bíblia diz em Mateus 12:9-12 “Partindo dali, entrou Jesus na sinagoga deles. E eis que estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiadas; e eles, para poderem acusar a Jesus, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados? (Claro que eles queriam que Jesus dissesse ‘Sim’ para o poder prender). ““E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-la? Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados."

O legalismo é uma forma de escravidão.

A Bíblia diz em Gálatas 4:8-9 “Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses; agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?” 

Somos salvos pela fé não pelas obras. A Bíblia diz em Efésios 2:8-10 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.”

O legalismo põe grande ênfase em que a salvação é obtida somente ao cumprir-se à lei sem transgredi-la. De acordo com isso a pessoa legalista se enreda a si própria, não sabendo em que lugar colocar o sacrifício de Cristo, que é o único que salva.

O legalista crê que Cristo salva e que a lei salva, o qual é um pondo de vista diferente do verdadeiro conteúdo da mensagem de salvação que outorga todo crédito ao sacrifício vicário do Filho de Deus.

O legalismo induz a pessoa a formar um conceito elevado de sua capacidade e habilidade. O pensamento legalista pode levar a quatro posições: “Graças a Deus que me tem dado forças e capacidade para guardar Sua lei”. “Em todos os anos que tenho vivido em Cristo, sempre guardei a lei, nunca a transgredi”. “Se guardo a lei, Deus me dará a salvação quando Seu filho venha de novo a terra”. “Para obter a salvação oferecida por Cristo tem que guardar a lei”.

Não é que o autor insinue que a lei de Deus não é necessária para a salvação pessoal, mas quer dizer é que na mente legalista esse tipo de pensamento encerra um significado através do qual a lei é o centro da pessoa; todas as suas ações pessoais giram em torno da lei e não de Cristo, quando deve ser o contrário, quer dizer, que a vida dos cristãos deve girar em torno de Cristo. 




Por mais incrível que possa parecer, confiar plenamente em Cristo e viver Nele faz com que a pessoa obedeça toda a lei moral divina com muita facilidade. A pessoa com Cristo no coração guarda a lei de Deus por amor, quer dizer, a guarda para corresponder o amor de Deus (1João 5: 3).

O Legalismo já era condenado por Paulo

Colossenses 2:16

16 Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados,


17 Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.


18 Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão,



19 E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.


20 Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como:


21 Não toques, não proves, não manuseies?


22 As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens;



23 As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.


Os legalistas enfatizam um sistema de regras e regulamentos para alcançar salvação e crescimento espiritual. Legalistas acreditam que é necessário ter uma aderência estrita e literal a essas regras e regulamentos. De acordo com a doutrina ensinada na Bíblia, essa posição vai de encontro à graça de Deus. Aqueles que defendem uma posição legalista podem até deixar de entender o verdadeiro propósito da lei, principalmente da lei de Moisés no Velho Testamento, a qual é para ser um “professor” ou “tutor” para nos levar a Cristo (Gl 3:24).


O legalismo compromete a doutrina da Salvação pela Graça. O primeiro e principal problema do legalismo cristão reside em sua distorção do alicerce básico do Cristianismo: a doutrina da Salvação pela Graça. Ao definir o conceito cristão de salvação, Paulo disse: "Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isso não vem de vocês, é dom de Deus" (Ef 2.8).





 Quando condicionamos a salvação de determinado indivíduo à observância de regras ou normas da sua denominação, ferimos a doutrina central da fé cristã: a de que só o sacrifício perfeito de Cristo na cruz, pode prover o perdão dos pecados e garantir a salvação do pecador arrependido. É somente em Cristo que "temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados" (Cl 1.14).

Em Filipenses 3, Paulo nos fala sem rodeios que experimentou o legalismo. Neste processo, ele mostra 5 formas diferentes em que incorreu como um legalista – formas que ainda perseguem muitos em nossos dias.

Legalismo é colocar sua confiança em rituais. Paulo diz: “Fui circuncidado ao oitavo dia de acordo com a lei Judaica” (Fp 3.5a). Hoje, um cristão pode dizer: “Eu fui batizado”, “Sou membro da igreja” ou “Participo da Ceia do Senhor”. Tudo isso é bom, mas não ganha a aprovação de Deus.

Legalismo é colocar sua confiança na corrida. Paulo diz: “Pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim” (Fp 3.5b). Tenho o pedigree real. São como estas pessoas, hoje em dia, falando que tem um relacionamento com Deus porque o tio era um missionário ou a mãe é cristã. Não funciona desta forma. Todos têm que decidir, por conta própria, seguir Jesus.

Legalismo é colocar sua confiança em uma religião. Paulo diz: “Sou verdadeiro hebreu” (Fp 3.5c). Alguns cristãos, hoje em dia, falam a mesma coisa. Eles apontam para sua denominação quando perguntados sobre seu relacionamento com Deus. Quando chegarmos ao céu, Deus não perguntará de qual denominação somos – Ele nos perguntará qual foi nossa resposta o seu Filho, Jesus.

Legalismo é colocar sua confiança em regras. Paulo também diz: “Quanto à Lei, fariseu” (Fp 3.5d). Os fariseus eram a elite espiritual. Eles transformaram os Dez Mandamentos em 613! Dez não eram suficientes para eles. Eles não comiam nem um ovo que uma galinha botasse no sábado por causa do “trabalho” da galinha para botar. Eles não coçariam uma mordida de mosquito no sábado, porque consideravam isso trabalho. Por chamar a atenção sobre seu passado como fariseu, Paulo estava dizendo: “Você quer conversar sobre leis? Eu guardei as leis!”

Legalismo é colocar sua confiança na reputação. Finalmente, Paulo acrescenta: “Quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na Lei, irrepreensível” (Fp 3.6). Em outras palavras, Paulo estava dizendo que era um legalista superstar! Hoje, pode ser que nos gabamos sobre o número de pessoas que freqüentam nossas igrejas, por quanto tempo oramos ou por quantas pessoas levamos a Cristo na semana passada. O resultado final é o mesmo – isto não fará Deus ficar nem um pouco mais feliz conosco.


Legalismo é a noção de que um pecador pode, por seus próprios esforços, ou pelo poder do Espírito Santo em sua vida, fazer alguma obra para obter ou reter sua salvação. Alguns legalistas pensam que o homem tem livre-arbítrio e pode realizar boas obras, se ele simplesmente se dispuser a tal, obtendo através disso o favor de Deus. Este tipo de legalismo pensa que um pecador pode crer no Evangelho por conta própria. Outros legalistas pensam que um pecador não tem livre-arbítrio; que quaisquer boas obras que ele faz, são feitas pelo poder do Espírito Santo habitando nele, e são estas boas obras feitas pelo poder do Espírito Santo que obtém ou ajudam a obter, retém ou ajudam a reter sua salvação. Ambos os tipos de legalistas, mas especialmente o último pode reconhecer que a obra de obediência de Cristo é necessária para a salvação, mas ambos negam que a obra de Cristo é suficiente para a salvação. Ambos os tipos de legalistas asseveram que a obra de Cristo deve ser adicionada às obras do pecador, seja as feitas por conta própria, seja as feitas pelo poder do Espírito Santo. Isto é o que faz deles legalistas: eles compartilham de uma crença na incompletude ou insuficiência da obra de Cristo, sem a parte deles. Eles podem diferenciar sobre o que constitui as boas obras; eles podem diferenciar sobre se somente a lei de Deus deve ser obedecida, ou se a lei da igreja também; mas eles concordam que a obra de Cristo somente é insuficiente para a sua salvação final.

E aí vem a pergunta, então posso fazer tudo o que quiser e ainda sou salvo? Não! Porque a certeza da salvação nunca nos chama para a libertinagem e sim para liberdade, e essa liberdade não permite que eu me contamine, pois entendo que ‘’todas as coisas me são lícitas... mas... nem todas convém. Ou seja, a partir do momento que tenho a mente de Cristo, sei que posso e o que não posso, independente de um aio que me guie, pois sou de Cristo. Quem deseja usar a GRAÇA para libertinagem é porque não discerniu a loucura da cruz.

Embora a obediência a todas as cláusulas da lei fosse requerida ao povo israelita, algumas eram mais importantes do que outras, o que se refletia nas sanções previstas para os infratores. O Senhor Jesus, quando perguntado por um escriba qual era o principal de todos os mandamentos, respondeu: “O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Marcos 12:29-31).

O Senhor Jesus, no entanto, não se enquadra no termo de legalista. Por exemplo, Ele deu razão a Davi numa ocasião em que este se viu em necessidade e teve fome e entrou na Casa de Deus e comeu os pães da proposição, os quais não lhe eram lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele (Marcos 2:25-26). Ele próprio escandalizava os religiosos do Seu tempo, por exemplo, ao curar no sábado, ao ordenar a um paralítico que havia curado que carregasse sua cama num sábado, ao permitir que Seus discípulos comessem sem primeiro lavar as mãos, etc.

Como ensinou Jesus, o legalista fecha ao homem e para si mesmo o reino dos céus (Mateus 23.13). É por isto que o Mestre chama os legalistas, que muito O importunaram de "raça de víboras" (Mateus 3.7).

A palavra "legalismo" ou "legalista" não aparece na Bíblia. Na verdade, trata-se de uma postura doutrinária e comportamental que valoriza um sistema de regras como necessário para a salvação ou para o crescimento espiritual. O legalista esquece que a lei foi dada por intermédio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo (João 1.17). Assim, a lei não teve apenas o propósito de levar a Cristo, como ensina Paulo (Gálatas 3/24), mas contém um conjunto de regulamentações a serem seguidas, mesmo depois de proclamada a graça por Jesus Cristo, como ensinam os legalistas.

Doutrina e vida andam juntas, como o demonstra a atitude de Jonas, quando recebeu a incumbência de pregar a salvação a um povo que não era o seu. A teologia de Jonas o levou a fugir. A atitude de Jonas o levou a insistir em seu comportamento legalista. Teologia e atitude têm que estar juntas para produzir um comportamento legalista. A leitura do Antigo Testamento, sem o Novo, pode fazer mal à teologia. Teologia pode fazer mal a saúde.

O QUE QUEREM OS LEGALISTAS

Ao igualar justiça com obediência externa a um código de conduta, o legalismo se torna devastador por várias razões:

1. O legalista subestima ou ignora o papel da motivação interior numa ação.
2. O legalista põe o foco no esforço próprio e não na capacitação divina.
3. O legalista estimula o orgulho humano em lugar de valorizar a dependência de Deus.
4. O legalista tende a usar a Bíblia para justificar suas idéias e preferências previamente concebidas.
5. O legalista tende a imaginar que uma pessoa é aceita por Deus em função do seu comportamento, não por causa do Seu amor.

Por outro lado temos outro extremo igualmente perigoso que é o:

ANTINOMIANISMO

Jo 14.15; Rm 3.27-31; Rm 6.1,2; 1 Jo 2.3-6; 1 Jo 5.1-3

Ela é uma doutrina herética criada em 1537 muito ligada com o gnosticismo, defende que desde que o crente tenha as crenças corretas a forma como vive é irrelevante " entendem estar Livre da lei, podendo pecar quanto quiser e ainda alcançar a remissão". é a negação da importância dos mandamentos divinos para a vida do cristão. É o extremo oposto do legalismo. É o que o apóstolo Judas denominou, na Epístola que leva o seu nome, de “transformar em libertinagem a graça de Deus” (Jd v4). O antinomianismo foi combatido por Jesus (Mt 7.15-27; Jo 14.15; 15.10,14) e pelos apóstolos – além de Judas, já mencionado, Paulo (Rm 3.31; Rm 6; Cl 3), Pedro (2Pe 2), Tiago (Tg 2.14-26) e João, em sua Primeira Epístola, combateram essa heresia. Aliás, João assevera explicitamente que escreveu sua primeira missiva para combater a influência de duas heresias gnósticas de seu tempo, a saber: a negação da divindade de Cristo e a prática do antinomianismo (1Jo 5.13).

Refletindo sobre o evangelicalismo de nossos dias no Ocidente, percebemos, infelizmente, que a influência da mentalidade pós-moderna sobre boa parte dos cristãos de hoje tem levado muitos a confundirem obediência aos mandamentos divinos com legalismo e graça com ausência de normas de conduta. Trata-se de uma torção absurda de significados.

Há um antigo verso que serve para ilustrar bem o tema antinomiano. O verso diz: “Livre da lei, que maravilhosa condição, posso pecar quanto quiser e ainda alcançar a remissão“.

Antinomianismo significa literalmente “antilei”. Ele nega ou diminui a importância da lei de Deus na vida do crente. É o oposto da heresia gêmea, o legalismo.
Os antinomianos cultivam aversão pela lei de várias maneiras. Alguns acreditam que não têm obrigação de obedecer às leis morais de Deus porque Jesus os libertou da lei. Insistem em que a graça não só liberta da maldição da lei de Deus, mas também nos liberta da obrigação de obedecê-la. A graça, pois, se torna uma licença para a desobediência.

O mais surpreendente é que as pessoas defendem este ponto de vista a despeito do ensino vigoroso de Paulo contra ele. Paulo, mais do que qualquer outro escritor do Novo Testamento, enfatizou as diferenças entre a lei e a graça. Ele se gloriava na Nova Aliança. Mesmo assim, foi muito explícito em sua condenação do antinomianismo. Em Romanos 3.31 ele escreve: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei.”.

Martinho Lutero, ao defender a doutrina da justificação pela fé somente, foi acusado de antinomianismo. Ele, no entanto, afirmava com Tiago que “a fé sem obras é morta”. Lutero discutiu com seu discípulo João Agrícola sobre esta questão. Agrícola negava que a Lei tivesse qualquer propósito na vida do crente. Negava até mesmo que a lei servisse para preparar o pecador para a graça. Lutero respondeu a Agrícola com sua obra Contra o Antinomianismo em 1539. Posteriormente, Agrícola se retratou de suas idéias antinomianas, mas a questão permaneceu.

Teólogos luteranos posteriores afirmaram a visão de Lutero da lei. Na Fórmula de Concórdia (1577), a última das declarações da fé luteranas, eles relacionaram três utilidades da lei: (1) revelar o pecado; (2) estabelecer um nível geral de decência na sociedade como um todo e (3) proporcionar uma regra de vida àqueles que foram regenerados pela fé em Cristo.

O erro primário do antinomianismo é confundir justificação com santificação. Somos justificados pela fé somente, independentemente das obras. Entretanto, todos os crentes crescem na fé ao observarem os mandamentos de Deus – não para granjearem o favor de Deus, mas movidos por uma amorosa gratidão pela graça que já lhes foi concedida através da obra de Cristo.

É um erro grave supor que o Antigo testamento era a aliança da lei e que o Novo Testamento é aliança da graça. O Antigo Testamento é um testemunho monumental da maravilhosa graça de Deus em favor de seu povo. Semelhantemente, o Novo Testamento está literalmente cheio de mandamentos. Não somos salvos pela lei, mas demonstramos nosso amor a Cristo obedecendo a seus mandamentos. “Se me amais, guardai os meus mandamentos.” Jo 14.15.

Freqüentemente ouvimos a afirmação: “O cristianismo não é um monte de normas sobre o que fazer e o que não fazer. Não é uma lista de regras”. Há alguma verdade nesta dedução, visto que o cristianismo é muito mais do que uma mera lista de regras. Em sua essência, o cristianismo é um relacionamento pessoal com o próprio Cristo. Não obstante, o cristianismo também não é destituído de regras. O Novo Testamento claramente inclui alguns “faça e não faça”. O cristianismo não é uma religião que sanciona a idéia de que todos têm o direito de fazer o que acharem melhor aos próprios olhos. Ao contrário, ele nunca dá a alguém o “direito” de fazer o que é errado.

Fonte: 3º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã –

O antinomianismo (abordado em Romanos 6; 2Pedro 2 e 1João) erra por transformar “em libertinagem a graça de nosso Deus” (Judas 4). Enquanto o legalista exalta de tal modo a lei que chega a excluir a graça, o antinomiano é fascinado pela graça ao ponto de perder de vista a lei, como uma regra de vida. 

Ele argumenta que, visto que os crentes estão “libertados da lei” (Romanos 7:6) e não debaixo da lei, e, sim, da graça (Romanos 6:15), com o perdão eterno já em sua possessão, não mais importa que tipo de vida eles levem. 



Embora o legalismo e o antinomianismo, segundo certo ponto de vista, sejam pólos opostos de erro, há, na teologia, e freqüentemente na experiência, um elo de ligação entre eles: ambos procedem da mesma fala suposição de que o único propósito da observância da lei é obter justiça diante de Deus. Assim sendo, o legalista ocupa-se em estabelecer sua própria justiça, ao passo que o antinomiano, regozijando-se no dom gratuito da justificação pela fé, não vê razão alguma para guardar a lei. Muitos dos antinomianos, na história, têm saído do legalismo por reação ao mesmo. Ambos os erros, porém, são respondidos assim que percebemos que a lei moral expressa a vontade de Deus para o homem em sua condição de homem. Jamais teve a finalidade de servir como um método de salvação (e, de qualquer forma, é inútil para esse propósito). 


A lei foi dada para guiar os homens na vida de piedade. E a graça, ao mesmo tempo que condena a justiça própria, estabelece a lei como regra de conduta. Escreveu Paulo: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente” (2 Timóteo 2:11,12). Essa é a resposta final ao antinomianismo: a graça estabelece a lei.

Uma variante do recuo antinomiano em relação à lei é a reivindicação de que os crentes não têm qualquer necessidade ou dever de regularem suas vidas pela lei, visto que seus recursos em Cristo são suficientes para guiá-los. Assim, Lutero asseverou que a fé cristã naturalmente produz boas obras (ou seja, amor e serviço), por meio do impulso instantâneo. J. A. T. Robinson afirmou que o amor cristão traz embutida uma bússola moral, de tal modo que não precisa firmar-se sobre regras bíblicas, nem precisa necessariamente ser guiado por elas. Muitos têm falado sobre isto como se o impulso do Espírito, na consciência do crente, suplantasse inteiramente as instruções da lei.

Aqueles que tomam essa posição frisam corretamente a espontaneidade interior da vida cristã genuína, bem como a criatividade ética do amor. Porém, eles separam o que Deus uniu, a saber, a obra do Espírito Santo em ensinar e a Palavra pela qual Ele o faz. O Espírito continua a gravar a lei de Deus em nossos corações durante toda nossa vida, instruindo-nos pelas Escrituras nos padrões de Deus e fazendo-nos julgar quão distante temos ficado da perfeição moral e espiritual que esses padrões incorporam. Em suas cartas, Paulo não só nos ensina acerca de Cristo e do Espírito Santo, mas, normalmente na segunda metade delas exercita crentes nos princípios éticos —isto é, na lei, conforme ela se aplica aos crentes (cf. Romanos 12-15; Gálatas 5-6; Efésios 4:17-6:9; Colossenses 3:1-4:6). Seria arriscado tentar ser mais sábio do que Paulo, em nossa maneira de ensinar a vida cristã.

Se nos lembrarmos que, como crentes, servimos a Deus não para adquirirmos a vida, mas por já termos a vida, como seus filhos e filhas já justificados e adotados, então não cairemos no legalismo que esses mestres temem; antes, veremos a lei de Deus como o código de normas da família e nos regozijaremos em procurar vivê-la desta forma, agradando ao nosso Pai celeste, que nos amou e nos salvou.

Paulo escreveu: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não de obras para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:8-10). A doutrina paulina da graça gratuita e soberana tanto humilha a soberba dos legalistas, que são justos aos seus próprios olhos, como condena a lassidão preguiçosa e irresponsável dos antinomianos. Entendido corretamente, esse ensino gera uma jubilosa segurança e uma incansável energia no serviço de nosso Salvador. Foi dito com muita propriedade que, no Novo Testamento, a doutrina é a graça, a ética é a gratidão (Romanos 12:1); e nosso Senhor ensinou que a pessoa que mais ama é aquela que é mais consciente do amor por ela demonstrado (Lucas 7:40ss.). O mundo veria muito mais piedade prática do que está vendo, se os crentes de nossos dias conhecessem mais acerca da graça de Deus.

Os antinomianos cultivam aversão pela lei de várias maneiras. Alguns acreditam que não têm obrigação de obedecer às leis morais de Deus porque Jesus os libertou da lei. Insistem em que a graça não só liberta da maldição da lei de Deus, mas também nos liberta da obrigação de obedecê-la. A graça, pois, se torna uma licença para a desobediência.

O mais surpreendente é que as pessoas defendem este ponto de vista a despeito do ensino vigoroso de Paulo contra ele. Paulo, mais do que qualquer outro escritor do Novo Testamento, enfatizou as diferenças entre a lei e a graça. Ele se gloriava na Nova Aliança. Mesmo assim, foi muito explícito em sua condenação do antinomianismo. Em Romanos 3.31 ele escreve: "Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei.".

Martinho Lutero, ao defender a doutrina da justificação pela fé somente, foi acusado de antinomianismo. Ele, no entanto, afirmava com Thiago que "a fé sem obras é morta". Lutero discutiu com seu discípulo João Agrícola sobre esta questão. Agrícola negava que a Lei tivesse qualquer propósito na vida do crente. Negava até mesmo que a lei servisse para preparar o pecador para a graça. Lutero respondeu a Agrícola com sua obra Contra o Antinomianismo em 1539. Posteriormente, Agrícola se retratou de suas idéias antinomianas, mas a questão permaneceu.


Antinomianismo é heresia que diz que os cristãos não têm qualquer obrigação de obedecer às leis de Deus.

Embora obedecer à lei de Deus não seja a causa meritória da nossa justificação, espera-se que uma pessoa justificada busque ardentemente obedecer aos mandamentos de Deus.

Se acharmos que o pecado que tão de perto nos rodeia não nos causará nenhum mal, poderemos ser surpreendido no futuro porém tão tarde que não restará outra opção senão o juízo vindouro.

Tanto o legalismo quanto a antinomianismo são estaremos perigosos para todos nós ; Jesus veio a este mundo e levou a sua cruz, resta-nos levar também a nossa pra no final da jornada podermos trocar por uma coroa. Que assim seja. Amém

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