sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O perigo de querer barganhar com Deus

Esta é a matéria que estaremos estudando no próximo 

domingo na Igreja Assembléia de Deus no Estácio Rio de 

Janeiro


TEXTO ÁUREO


Que darei eu ao SENHOR por todos os benefícios que me tem feito?” (Sl 116.12).

VERDADE PRÁTICA


Deus nos concede as suas bênçãos não porque tenhamos algum poder de barganha, mas porque Ele nos ama e quer aprofundar o seu relacionamento com cada um de seus filhos.

HINOS SUGERIDOS


151, 155, 178.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE


Mateus 4.1-11.

1 - Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
2 - E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;
3 - E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
4 - Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
5 - Então o diabo o transportou à Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo,
6 - e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
7 - Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.
8 - Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles.
9 - E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.
10 - Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás.
11 - Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram.


Barganha: Tentar negociar ou trocar algo com Deus a fim de obter algum benefício.

Nesta lição, veremos que o desejo de se barganhar com Deus é algo totalmente reprovável, pois contraria todos os princípios da Palavra de Deus. Com a introdução de certas heresias e modismos no contexto evangélico, a velha prática da barganha voltou a induzir as pessoas a usar a fé, e até mesmo a Bíblia, para obter vantagens duvidosas e até ímpias. É uma tentativa de chantagear a Deus.
Agindo dessa forma, o crente já não busca a Deus com o coração de um verdadeiro adorador, mas como um mercador espertalhão que procura levar vantagem em tudo. Os pregadores da prosperidade vêm transformando a santíssima fé numa moeda de troca. Cuidado, Deus não se deixa escarnecer.

I. A BARGANHA NA BÍBLIA

1. No Antigo Testamento.

O livro de Jó relata a história do patriarca que, abençoado por Deus, teve sua família e bens perdidos em pouquíssimo tempo (1-2). Sua fidelidade, porém, era algo que transcendia todas as suas posses. Assim, mesmo tendo o Diabo dito que Jó negaria ao Senhor se viesse a perder tudo (1.6-12; 2.1-10), isto não aconteceu (1.22). Ele não precisou barganhar com o Senhor para ser abençoado; sua fidelidade a Deus foram suficientes (42.10-17).
2. Em o Novo Testamento. Até mesmo ao próprio Cristo o tentador teve coragem de propor uma barganha (Mt 4.8-10). Mais tarde, Simão, o mago, ofereceu dinheiro a Pedro e a João em troca da capacidade de se conceder o batismo com o Espírito Santo (At 8.14-24). E por causa disso, foi duramente repreendido pelos apóstolos. Cuidado, não se negocia com coisas santas.
3. As Escrituras condenam a barganha. As Escrituras evidenciam que barganhar com Deus é tentar negociar o inegociável: a simplicidade do Evangelho de Cristo Jesus (2 Co 11.3). O meigo nazareno é o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2), por isso, devemos servi-lo voluntária e espontaneamente, certos de que Ele tem cuidado de nós (1 Pe 5.7). As Sagradas Escrituras destacam o amor como o elemento supremo de devoção a Deus e de profunda compaixão pelo próximo. Em Cristo, somos impulsionados a amar uns aos outros sem esperar nada em troca, pois é exatamente isto que nos caracteriza como discípulos do Mestre (Jo 13.35).

4.  - O caso de Simão, o mágico - a tentativa de barganha. (Atos 8.14-17)
A imposição das mãos apostólicas:
Há outros trechos em que o ESPÍRITO é dado sem mencionar-se a imposição das mãos (2:38) e sem a presença de qualquer dos doze apóstolos (9:17). Além disto, pode-se supor que o oficial etíope recebeu o ESPÍRITO sem mais cerimônia, quando Filipe o batizou. Sobram apenas dois tipos de explicação. A primeira é que DEUS reteve o ESPÍRITO até a vinda de Pedro e João a fim de que fosse visto que os samaritanos estavam plenamente incorporados na comunidade dos cristãos de Jerusalém que receberam o ESPÍRITO no dia do Pentecoste.8 9 Este ponto de vista é confirmado quando Pedro, na ocasião em que' Cornélio recebeu o ESPÍRITO, testifica explicitamente que o ESPÍRITO SANTO veio sobre aquele e sua família exatamente como veio sobre os primeiros cristãos; era a mesma experiência (11 :15-17). O segundo ponto de vista é que a resposta e a dedicação dos samaritanos eram defeituosas, conforme demonstra o fato de que ainda não haviam recebido o ESPÍRITO (Dunn, Batismo, págs. 55-68). Dunn sugere que, entre outras coisas, os samaritanos precisavam da certeza de que realmente foram aceitos na comunidade cristã antes de poderem chegar à fé integral. Entretanto, devemos ressaltar que Lucas não fala assim em lugar algum. Além disto, não se nos diz nada acerca de qualquer defeito na fé dos samaritanos que precisasse ser remediado antes que pudessem receber o ESPÍRITO; Pedro e João não pregaram a eles, mas, sim, oraram para que o ESPÍRITO lhes fosse dado. De modo geral, portanto, é preferível o primeiro ponto de vista.9 o Deve ser notado que a história pressupõe que é possível saber se uma pessoa recebeu o ESPÍRITO ou não. Seria este o caso se fossem incluídos os dons carismáticos, e é possível que outras indicações menos espetaculares, tais quais o gozo espiritual, tivessem sido consideradas como evidências adequadas da presença do ESPÍRITO (13:52; 16:34; 1 Ts 1 :6).
18-19. Simão percebeu que os apóstolos tinham a capacidade de derramar o ESPÍRITO sobre outras pessoas. O que quis não foi apenas ter ele mesmo o dom do ESPÍRITO, mas, sim, que tivesse o poder para outorgá-Io a outras pessoas. Não se declara com clareza se os apóstolos impuseram as mãos sobre Simão e lhe outorgaram o ESPÍRITO, embora pudesse ser subentendido na declaração geral no v. 17. A passagem não se ocupa em especulações acerca de se Simão estava (na linguagem teológica posterior)
"regenerado". O que se ressalta é seu desejo pecaminoso de possuir poder espiritual por razões erradas e de obter aquele poder pelo método erràdo. A possessão de qualquer tipo de autoridade espiritual é urna responsabilidade solene mais do que um privilégio, e aquele que a possui deve ter consciência constante da tentação para dominar sobre aqueles por cujo bem-estar espiritual é responsável; deve também precaver-se contra o perigo de empregar sua posição para seus próprios interesses, seja como modo de fazer dinheiro ou de inchar seu próprio ego (1 Pe 5 :2-3). Simão encarava dentro dos conceitos de magia o poder de outorgar o ESPÍRITO, e estava disposto a pagar pelo privilégio, revelando assim ainda mais mal-entendidos a respeito de obter posições na igreja mediante um pagamento ou a oferta de um suborno; este pecado recebeu o nome de "simonia" como resultado deste incidente.
20-23. A resposta de Pedro não poderia empregar fraseologia mais forte. J. B. Phillips traduziu a primeira frase com arrojo: "para o inferno com o seu dinheiro!", que talvez soe como linguagem profana, mas é precisamente o que diz o texto grego. É o pronunciamento de urna maldição contra Simão, consignando-o à destruição com o seu dinheiro. É, portanto, o equivalente à excomunhão da igreja ou, talvez com mais exatidão, trata-se de uma advertência solene dirigi da a Simão quanto àquilo que lhe aconteceria se não mudasse a sua atitude. A própria idéia de obter urna dádiva divina através dalgum tipo de pagamento revela urna compreensão totalmente falsa da natureza de DEUS e das Suas dádivas. Até certo ponto, é possível compreender Simão; tendo saído diretamente do paganismo, facilmente poderia entender erroneamente a nova religião que o atraíra. Mesmo assim,
era grave o erro, e tinha que ser destruído no nascedouro. Simão, ao pensar assim, mostrou que suas atitudes estavam fora de harmonia com aquelas de DEUS (cf. SI 78:37), e, portanto, enquanto assim persistia a situação, não tinha parte nem sorte nas bênçãos do evangelho (cf. Dt 12:12, 14:27 para a linguagem empregada). Devia, portanto, arrepender-se da sua atitude maligna e orar que seu mau intento fosse perdoado (cf. SI 78:38). Os comentaristas têm argumentado se talvez subentende a probabilidade ou improbabilidade de DEUS perdoar a Simão. É provável que a lição seja, simplesmente, que Simão não podia barganhar com a misericórdia de DEUS, tendo-a como garantida. Como comentário final, Pedro acrescenta que é séria a posição de Simão. Está em fel de amargura. Este é um modo hebraico de dizer "em fel amargo", e reflete Deuteronômio 29:18, que fala do perigo de brotar "raiz que produza erva venenosa e amarga"; aqui, segundo parece, a frase é metáfora de uma pessoa cuja idolatria e impiedade levassem a resultados amargos para si mesmo e para as pessoas às quais engana (cf. Lm 3:15, 19). Pedro, pois, está dizendo que Simão está provocando amargo juízo para si mesmo, como sói acontecer com uma pessoa firmemente presa pelo pecado (para a frase, cf. Is 58:6).
24. A resposta de Simão foi pedir que os apóstolos orassem por ele a fim de que nenhum dos juízos ameaçados lhe sobreviesse. Alguns MSS têm uma variação do texto que acrescenta o comentário interessante que Simão chorava continuamente ao fazer seu pedido. Não há qualquer indício que fosse sincera a sua petição, por muito ou pouco que tenha entendido de tudo que fora dito. As lendas posteriores retrataram Simão como opositor persistente do cristianismo e como arqui-herege; não há nada disto aqui, o que provavelmente sugere que a narrativa em Lucas é mais antiga do que o quadro posterior de Simão. Diferentemente de Ananias, Simão recebeu da parte de Pedro uma oportunidade de arrependimento; é difícil ter certeza qual a diferença que Lucas talvez tenha visto entre os dois homens, a não ser que pensasse que Ananias teve mais oportunidade do que Simão para reconhecer a pecaminosidade da sua ação, tendo, portanto, pecado deliberadamente (cf. Lc 12:4748). Seja qual for o caso, a história indica que existe a possibilidade do perdão mesmo para um pecado sério cometido por uma pessoa batizada.
25. A história termina, anotando como os próprios apóstolos pregavam ao povo e evangelizavam muitas aldeias samaritanas no seu caminho de volta para Jerusalém. O sujeito do versículo se expressa vagamente, mas sem dúvida inclui Filipe, preparando, assim, o caminho para a história que se segue a respeito dele. O comentário é muito geral também, mas visa mostrar que a missão aos samaritanos, começada por Filipe, foi continuada pelos líderes da igreja em Jerusalém. Foi assim firmemente endossado o recebimento dos samaritanos na igreja e, em 9:31, o narrador considera coisa certa a presença de samaritanos na igreja única.
ATOS DOS APÓSTOLOS - Introdução e Comentário por I. Howard Marshall, M.A., B.D., Ph.D. Catedrático em Exegese do Novo Testamento Universidade de Aberdeen, Escócia - Série Cultura Bíblica - Mundo Cristão, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, Cx Postal 21846, São Paulo, 1 Edição 1982.
 
Nunca confunda voto com barganha.
Quem faz voto está agindo com fé e é porque quer se submeter a DEUS e à sua vontade, já quem quer barganhar, quer obrigar DEUS a fazer o que muitas vezes ELE não deseja, mas vai fazer devido a estar escrito em sua Palavra.



Tanto no Antigo quanto em o Novo Testamento, a barganha é reprovada pelo Senhor.


II. PRESSUPOSTOS DA “TEOLOGIA DA BARGANHA”

1. A falsa doutrina do direito legal. A teologia da barganha tem como pressuposto a doutrina do direito legal do crente. Segundo essa crença exótica e antibíblica, Jesus Cristo, ao morrer na cruz, conquistou para os crentes muitos direitos. Cabe agora ao cristão conscientizar-se da existência deles e reivindicar, para si, a sua concretização. Dessa forma, a posse da bênção é um direito líquido e certo e que não depende da vontade divina.
A doutrina do direito legal, ensinam os falsos mestres, deu amplos poderes ao crente. E este, agora, pode usá-los como moeda de troca sem levar em conta o querer divino. Os tais ensinadores acreditam que Deus não tem direito de dizer “não” a quem Ele conferiu o direito de exigir. A suma desse ensino perigoso e bizarro é que o fiel ganha todos os direitos e Deus perde toda a soberania! Ou seja, segundo esse aleijão doutrinário, Deus não passa de um fantoche nas mãos do crente. No entanto, ignoram os pregadores da Teologia da Prosperidade o fato de o Soberano não dividir a sua glória com ninguém (Is 42.8).
2. A prática do determinismo. Já é bastante conhecida a famigerada doutrina do determinismo que ensina, entre outras coisas, que não é mais preciso orar e sim determinar! Para os que propagam essa teologia, a vontade divina, pouco importa. A verdade, porém, é que Deus não é refém de lei alguma, pois Ele é soberano (Is 55.8). Ele criou todas as coisas e de todas é Senhor.
A expiação de Cristo proveu a bênção da cura tanto da alma como do corpo (1 Pe 2.24; Mt 8.16,17). Ele proveu-nos também o direito à vida eterna e a provisão para uma vida plena (Jo 10.10). Não obstante, isso não significa que o crente não passará por adversidades, sofrimentos ou tampouco que ele jamais virá a adoecer. A Palavra de Deus afirma que a redenção plena do ser humano só será uma realidade quando, por Cristo, e nos últimos dias, a glória final for revelada nos filhos de Deus (Rm 8.19,23; Ap 21.4,5).



O crente não tem o direito de barganhar com Deus como ensina erroneamente a “teologia da barganha”.


III. O PERIGO DE BARGANHAR COM DEUS

1. O perigo de se ter um Deus imanente, mas não transcendente. Embora, Deus seja o grande Criador, intervém na sua criação e se relaciona com ela (imanência) (2 Co 6.16). Não estamos entregues à própria sorte. O Senhor tem prazer em nos abençoar. Entretanto, não podemos nos esquecer que Ele é soberano e está acima de toda criação (transcendência). Podemos vê-lo nas coisas criadas (Sl 19.1), mas isso não significa que tudo é Deus, porque Ele é distinto de sua criação (transcendência).
Ao priorizar a relação de Deus com a criação, a Teologia da Prosperidade ignora propositalmente a soberania e a vontade divinas. O Todo-Poderoso acaba por torna-se uma simples marionete nas mãos do ser humano. Nessa concepção, o papel de Deus assemelha-se ao de um garçom que existe apenas para servir e satisfazer as exigências dos seus clientes.
2. O perigo de se transformar o sujeito em objeto. A teologia da barganha transforma o acessório em objetivo. Transforma gente em mercadoria e a fé em um grande negócio! Observa-se hoje que muitos pregadores midiáticos mantêm seus ministérios não para glória de Deus, mas para atenderem a uma demanda do mercado religioso. É um evangelho que procura satisfazer vontades e não necessidades. O culto, que à luz da Bíblia, deve estar em torno de Deus, passa a ser tão somente um momento de autossatisfação. Isto quer dizer que os bens materiais passam a ser a razão de viver das pessoas. É a adoração à criatura em vez de ao Criador (Rm 1.24,25).
3. O perigo da espiritualidade fundamentada em técnicas e não em relacionamentos. A prática da barganha transforma o relacionamento com Deus em algo meramente técnico e interesseiro. Para que gastar horas buscando a Deus em oração se é possível encurtar o caminho através de “fórmulas de fé” que têm o poder de colocar Deus na parede? A fé é reduzida a uma fórmula e Deus a um bem de consumo! O relacionamento com o Eterno deixa de existir e é substituído por um jogo de interesses onde se objetiva unicamente a aquisição de vantagens materiais e muitas vezes iníquas. Tal ensino faz da vida cristã algo superficial e vergonhoso. Aquilo que Paulo ensinou sobre a piedade (1 Tm 4.7) perde completamente a sua razão de ser, pois as posições invertem-se e Deus passa a ser, inconscientemente, na cabeça de algumas pessoas, algo que pode ser controlado ao seu bel-prazer.




A barganha faz com que o relacionamento com Deus se torne algo meramente mecânico e interesseiro.




Não podemos cair na tentação de barganhar com Deus. Isto por uma razão bastante simples: nada temos de real valor para propor em troca e muito menos o direito de assim procedermos. O profeta Isaías afirmou que até os nossos mais exaltados atos de justiça não passam de trapos de imundícia diante dEle (Is 64.6). Para sermos abençoados necessitamos de Deus em todas as coisas e em todo o tempo. Ele em nenhum momento se nega a abençoar-nos, segundo a sua soberana e perfeita vontade (Mt 6.10; 26.42).

VOCABULÁRIO


Imanência: Qualidade do que está em si mesmo, e não transita a outrem.
Midiático: Relativo à mídia; todo suporte de difusão de informação.
Transcendência: Que excede os limites normais; superior sublime.

BIBLIOGRAFIA 


RICHARDS, L. O. Comentário Historico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed., RJ: CPAD, 2007.
HANEGRAAFF, H. Cristianismo em Crise. 4.ed., RJ: CPAD, 2004.

 

“Artifícios dos triunfalistas
Os triunfalistas dão, aleatoriamente, nomes às suas campanhas dos feitos grandiosos registrados no Antigo Testamento, prometendo solução imediata aos problemas financeiros e de saúde. Para isso, inventam as campanhas do jejum de Gideão, do jejum de Calebe, Campanha dos 318 pastores, etc. Inventaram o culto dos empresários e convidam os endividados, falidos, às vezes, com famílias à beira da ruína.
A retórica baseada na fisiologia é ‘dando que se recebe’ apresenta um Deus corretor de imóvel ou negociante, visão distorcida que até mesmo McAliester criticou. A mensagem de salvação é esquecida. O estilo estereotipado ‘meu amigo’, ‘minha amiga’, identifica, facilmente, um desses grupos. Seus pastores são peritos em arrecadar fundos nos cultos. Sua escola é mais para ensinar essas técnicas do que mesmo teologia.
[...] É lastimável usar essas passagens bíblicas [as de, por exemplo, Gideão, Baraque, Sansão, Davi, Samuel, entre outros] [fora de contexto] para prometer ao povo carros importados, mansões e outras prosperidades materiais. É assassinar a exegese bíblica, no entanto, há os que já estabeleceram essa prática como doutrina” (SOARES, E. Heresias e Modismos: Uma análise crítica das sutileza de Satanás. 1.ed., RJ: CPAD, 2006, pp.327-28).


Subsídio Teológico

“Uma Teologia de Supermercado
Desde o primeiro capítulo deste livro, venho mostrando que a prosperidade bíblica se alicerça fundamentalmente em um correto relacionamento com o Senhor. Quando fórmulas, técnicas ou quaisquer outros meios substituem a comunhão do crente com o seu Deus, então o caminho para uma fé deformada está aberto. Esse modelo teológico que ignora a existência humana e não leva em conta a soberania de Deus sobre a história tem produzido uma geração de crentes superficiais. E o que é pior - tem se tornado quase que exclusivamente o único tipo de fé conhecida. O cristianismo ortodoxo tem sido empurrado para a periferia da fé. A química resultante da mistura desse modelo teológico com o princípio bíblico da retribuição tem originado uma excrescência dentro do protestantismo evangélico - a Teologia da Barganha.
Os pressupostos da Teologia da Barganha já são perceptíveis no Antigo Testamento, nos argumentos defendidos pelos amigos de Jó: Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú. É possível vermos na teologia desses homens uma relação distorcida entre pecado e punição. Em palavras mais simples, eles defendiam a tese de que por trás do sofrimento de Jó estava algum tipo de pecado cometido, porém, ainda não conhecido. Algo semelhante àquilo que é pregado [por aí]. Luiz Alexandre Solano Rossi (2008, p.75) comenta:
A teologia da retribuição está assumindo a sua forma e assim permanecerá durante o desenrolar de todo o livro de Jó. O homem pode, sim, ser conduzido a agir por interesse: se ele faz o bem, recebe a felicidade; se pratica o mal, recebe a infelicidade. A vida de fé está a um passo de se transformar em uma relação comercial. A fé pode estar sendo vista a partir de uma prateleira de supermercado, ou seja, Deus se apresentaria como um negociante. A consagrada expressão brasileira do ‘toma lá, dá cá’ se encaixa perfeitamente nessa situação [...] Contra essa teologia da retribuição ele (Jó) tem um único argumento: sua experiência pessoal e sua observação da história, na qual a injustiça permanece impune. Sua observação e intuição são corretas: existem somente homens situados no espaço e no tempo, no sentido de que vivem em uma época precisa e em um contexto social, cultural e econômico preciso [...]. Vejamos um resumo de seus discursos: a) Elifaz sugere que Jó é um pecador; b) Baldad diz abertamente que seus filhos morreram por seus pecados; c) Sofar assegura a Jó que seu sofrimento é menos do que ele merecia; d) Eliú afirma que o sofrimento tem um caráter pedagógico. Eles representam perfeitamente o modo mais comum de se mascarar a verdadeira fé bíblica 

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