A superstição religiosa
Por: Jânio Santos de Oliveira
Presbítero e professor de teologia da Igreja
Assembléia de Deus no Estácio
Rua Hadok Lobo, nº 92 - Pastor Presidente Jilsom
Menezes de Oliveira
Meus amados e queridos irmãos em cristo Jesus, a PAZ DO SENHOR!
TEXTO ÁUREO
“Porque eu sei em quem tenho
crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele
Dia” (2 Tm 1.12b).
VERDADE PRÁTICA
Superstição religiosa é um
conjunto de crendices apoiadas na ignorância, no desconhecido e no medo. Nada
tem a ver com a fé que professamos.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 2 Rs 18.4
Superstição e idolatria são
condenadas na Bíblia
Terça - Is 34.14
O fantasma noturno chamado
Lilite
Quarta - Ez 21.21
Superstições adivinhatórias:
hepatoscopia e rabdomancia
Quinta - At 8.9-11
O engano das práticas mágicas e
supersticiosas
Sexta - At 17.22
Às vezes, superstição é
confundida com religião
Sábado - At 25.19
Os incrédulos, às vezes, chamam
nossas crenças e práticas de superstição
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 19.13-19.
13 - E alguns dos exorcistas judeus,
ambulantes, tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos
malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega.
14 - Os que faziam isto eram sete
filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes.
15 - Respondendo, porém, o espírito
maligno, disse: Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?
16 - E, saltando neles o homem que
tinha o espírito maligno e assenhoreando-se de dois, pôde mais do que eles; de
tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa.
17 - E foi isto notório a todos os
que habitavam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e caiu temor sobre todos
eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido.
18 - Muitos dos que tinham crido
vinham, confessando e publicando os seus feitos.
19 - Também muitos dos que seguiam
artes mágicas trouxeram os seus livros e os queimaram na presença de todos, e,
feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinqüenta mil peças de prata.
Superstições são crenças
alicerçadas sobre sentimentos irracionais, que levam as pessoas, em razão de
sua credulidade excessiva, a temerem o desconhecido, sobrenatural. Quem é
supersticioso acredita em presságios, encantamentos, sinais, ritos específicos
e tantos outros elementos que repousam sobre a fé em coisas irracionais. A
Palavra de Deus reprova vigorosamente as superstições. Atos dos Apóstolos registra
um episódio em que Paulo e Barnabé, quando pelo poder de Cristo curaram a um
coxo em Listra, quase foram idolatrados como Júpiter e Mercúrio pelos
habitantes daquele país. Os servos de Deus protestaram com veemência contra o
ato supersticioso. No Antigo Testamento, eram proibidas as adivinhações (Lv
19.31), a bruxaria, os augúrios a feitiçaria e magia (2 Rs 21.6). Temos de ter
muito cuidado para que essas práticas não solapem nossa fé e assolem nossas
igrejas.
INTRODUÇÃO
A superstição está presente em
todas as religiões, novas e velhas. É nociva à fé cristã em razão de levar o
indivíduo a temer coisas inócuas e depositar a fé em coisas absurdas. Quem já
não viu alguém procurar se proteger com um galho de arruda, com ferradura de
cavalo na porta de casa, ou usar uma figa esperando obter sucesso? Os
supersticiosos estão inclinados a acreditar em tudo, menos na Palavra de Deus.
I. ETIMOLOGIA
1. O termo grego. O substantivo
grego empregado no Novo Testamento correspondente à palavra superstição é deisidaimonia.
Essa palavra aparece apenas em Atos 25.19. De modo semelhante, o adjetivo
procedente do original significa “piedoso, supersticiosos ou religiosos” (At
17.22). O termo procede de duas palavras gregas cujo sentido é “temor aos
demônios, aos espíritos malignos ou as divindades pagãs”. Portanto, o vocábulo
“superstição” designa um sentimento religioso fundamentado na ignorância, no
medo de coisas sobrenaturais e na confiança em coisas ineficazes. Trata-se, por
conseguinte, de uma crendice popular baseada em crenças infundadas.
2. O termo em nossas versões. A
versão Almeida Atualizada e a Tradução Brasileira traduziram os vocábulos
originais por “religião” e “religioso”, enquanto a Almeida Corrigida, por
“superstição” e “supersticioso”. Agripa na qualidade de judeu, embora
desconhecendo a natureza da questão sobre a ressurreição de Jesus, jamais
chamaria essas coisas de mera superstição (At 25.19). O apóstolo Paulo, no
areópago em Atenas, como disse alguém, empregou o termo com “amável
ambigüidade” (At 17.22).
3. O termo latino. Jerônimo, na
Vulgata Latina, traduziu os referidos termos por superstitio, (At 25.19) que
significa “superstição, religião, culto, excessivo receio dos deuses,
adivinhação, arte de predizer o futuro” e superstitiosus, “supersticioso” (At
17.22).
4. O termo no mundo romano.
Havia diferença entre religião e superstição no mundo romano. O cristianismo,
mais tarde, adotou essa distinção. Segundo Agostinho de Hipona, o homem
supersticioso distingue-se do religioso, citando Varrão, autor romano (116-27
a.C), afirma que o supersticioso teme os deuses como inimigos, e o religioso
reverencia-os como pais. A idéia dessa palavra no mundo romano é uma forma
antiquada de culto, como deterioração ou algo ultrapassado, rejeitado pela
religião oficial. Podemos resumir superstição como a crendice do medo (Jr
10.2).
II. CARACTERÍSTICAS ANIMISTAS
1. Animismo. Apesar da
superstição estar presente em todas as religiões, é no animismo que ela
praticamente se confunde. Animismo é a crença que atribui vida espiritual ou
alma a coisas inanimadas. Os animistas acreditam que plantas e animais possuem
alma, que a natureza está carregada de seres espirituais e que o espírito dos
mortos vagueia pelos lugares onde as pessoas viviam ou costumavam freqüentar
(Is 34.14). É conseqüência da Queda no Éden (Rm 1.23,25,28).
2. Fetiches. Os ídolos
representam divindades ao passo que o fetichismo se caracteriza por atribuir
propriedades mágicas ou divinas a certos objetos. Em muitos casos, os
fetichistas dispensam, a tais objetos, reverência, adoração, gratidão e
oferendas, esperando receber graças ou vinganças dessas divindades ou
espíritos.
III. SUPERSTIÇÕES DO COTIDIANO
1. Amuletos e talismãs. É a
crença no afastamento dos maus espíritos apenas pelo uso de certos objetos como
galho de arruda, ferradura de cavalo na porta de casa, pé-de-coelho etc. Muitas
vezes, são usados como objetos de adornos. O profeta Isaías incluiu os amuletos
na lista de adornos femininos, traduzido por “arrecadas” na Versão Almeida
Corrigida (Is 3.20). A palavra hebraica, aqui, é lahash, também usada para
encantamento (Ec 10.11; Jr 8.17). Talismã consiste em letras, símbolos ou
palavras sagradas, nomes de anjos ou demônios com o objetivo de afastar o mal
de quem os usa.
2. Rogos do espirro. “Saúde!”,
“Deus te crie!”, ou, expressão mais erudita como Dominus caetum!, “o Senhor te
crie!”,hayim!, “vida!”, em Israel; são expressões que ouvimos no dia-a-dia
quando alguém espirra. Por que não acontece o mesmo quando alguém tosse? Os
antigos acreditavam que o espírito do homem residia na cabeça, e um bom espirro
era o suficiente para sua fuga e, ao fazer uma pequena prece, ele permanecia na
pessoa que espirrou. Hoje, isso já virou etiqueta social.
3. Sexta-feira 13. O número 13 é
tido por alguns como bom agouro e para outros como infortúnio. Há até edifícios
em que passam do 12° para o 14° andar temendo desgraças. A sexta-feira 13 é
considerada um dia de azar. Uns atribuem a superstição sobre o número 13 aos
vikings ou a outros normandos. Há também os que atribuem ao cristianismo, já
que sexta-feira foi o dia em que Jesus morreu e 13 é uma referência a Judas
Iscariotes que, segundo os supersticiosos, era o décimo terceiro homem da
reunião da Última Ceia. Mas, não há indício algum para confirmar essa versão.
IV. SUPERSTIÇÕES SUPOSTAMENTE
BÍBLICAS
1. Segunda-feira azarada. Os
judeus não consideram a segunda-feira um bom dia para negócios, porque no
relato da criação, em Gênesis 1, não consta o registro “e viu Deus que era
bom”, como aparece nos demais dias. Mas, no dia terceiro, aparece duas vezes a
expressão “e viu Deus que era bom” (Gn 1.10,12), por isso é o dia tradicional
de cerimônia de casamentos e, também, o dia em que se celebram grandes negócios
em Israel. O costume baseia-se na interpretação incorreta de uma passagem
bíblica. A bênção divina para o sucesso, todavia, não depende do dia em que o
evento é realizado, e sim na confiança em Deus (Sl 37.3-5).
2. Mezuzá. Palavra hebraica que
significa “portal, umbral, ombreira” (Êx 12.7). Esse termo é usado hoje para
identificar o pequeno tubo metálico que os judeus usam no umbral direito da
porta, seguindo o prescrito na Lei de Moisés (Dt 6.4-9). Isso não deve ser
considerado superstição, pois tem fundamento bíblico, como não é superstição um
cristão colocar em seu lar quadros com versículos bíblicos e outros motivos
cristãos como identificação de sua fé. Mas os judeus cabalísticos da Idade
Média transformaram a mezuzá em amuletos e talismãs, como objetos de proteção.
3. O perigo da inversão de
valores. Não confundir o Cristo da cruz com a cruz de Cristo. Os hebreus
consideravam a simples presença da arca da aliança na guerra como garantia de
vitória (1 Sm 4.4-11). Ainda hoje, alguns crentes crêem estar protegidos de
infortúnio e mau augúrio só porque mantêm a Bíblia aberta no salmo 91. Isso
significa transformar a fé viva no Deus todo-poderoso em mera superstição ou
amuleto. A proteção vem da confiança em Deus e na obediência à Sua Palavra (Js
1.8;1 Jo 5.4).
4. Fé cristã não é superstição.
Os filhos de Ceva, tendo em vista o misticismo de Éfeso, cuidaram fosse o
apóstolo Paulo um mágico com uma nova fórmula: o nome de Jesus (At 19.13). Mas
eles se equivocaram. Ainda hoje há os que transformam elementos cristãos em
superstições. Baseados em lendas de vampiros, muitos supõem que, exibindo uma
cruz, podem expulsar os espíritos maus. Jesus disse: “em meu nome expulsarão
demônios” (Mc 16.17). Ele conferiu essa autoridade aos seus servos (Mt 10.8).
Todos os que usarem o nome de Jesus como amuletos poderão ter a mesma decepção
dos filhos de Ceva (At 19.16).
CONCLUSÃO
As superstições,
independentemente de sua origem, são nocivas à fé cristã. Crer em coisas
triviais, ou nas aparentemente bíblicas, é rejeitar a fé em Deus ou acrescentar
algo além dEle. Nós cremos num Deus que pode guardar-nos de todos os males (2
Tm 1.12).
VOCABULÁRIO
Animismo: Filosofia religiosa
segundo a qual uma só e mesma alma é o princípio da vida e do pensamento.
Considera todos os seres da natureza dotados de vida e capazes de agir conforme
uma finalidade. O animismo confunde o Criador com a criatura.
Vulgata Latina: Versão escrita
em latim dos originais gregos e hebraicos preparada por Jerônimo em 400 A.D.
revisada posteriormente por Clemente VIII, em 1592.
EXERCÍCIOS
1. Por que a superstição é nociva à
fé cristã?
R. Porque crer em coisas triviais ou
nas aparentemente bíblicas, é rejeitar a fé em Deus ou acrescentar algo além
dEle.
2. Como podemos resumir a
superstição?
R. A crendice do medo.
3. Em que consiste a crença
animista?
R. Crença que atribui vida
espiritual ou alma a coisas inanimadas.
4. Por que o mezuzá em si não é
superstição?
R. Porque tem fundamento bíblico.
5. O que significa esperar proteção
divina mediante a Bíblia aberta no salmo 91?
R. Significa transformar a fé viva
no Deus Todo-Poderoso em mera superstição ou amuleto.
AUXÍLIOS ADICIONAL
“Evangélicos supersticiosos
Não seria o uso de elementos
como galhinho de arruda, sal grosso e copo d’água na liturgia uma volta ao
misticismo medieval, tão condenado pelos reformadores? A teologia da maldição
hereditária não seria um vilipêndio à doutrina da graça e uma superstição
religiosa em sua essência? Lamentavelmente, é nítida a existência de casos de
superstição entre evangélicos, mas isso é resultado da ausência de orientação
bíblica. Nas igrejas onde o povo recebe o ensino sistemático e sadio da Palavra
de Deus raramente existe isso.
Alguns casos de
supersticiosidade entre evangélicos são menores, outros são mais graves. Alguns
exemplos do primeiro tipo são deixar a Bíblia aberta no Salmo 91 para afastar
desgraças; utilizar a expressão ‘Tá amarrado!’ de forma séria, como uma espécie
de precaução espiritual; abrir a Bíblia aleatoriamente para ‘tirar um
versículo’ que funciona como a orientação de Deus para tomarmos uma decisão;
trocar a leitura sistemática e regular da Bíblia pela ‘caixinha de promessas’;
reputar que a oração no monte tem mais eficácia do que a feita dentro do quarto
ou na igreja; dormir empacotado para que Deus, ao nos visitar à noite, não se
entristeça; e acreditar que objetos ou algum suvenir de Israel (pedrinhas, água
do Rio Jordão, folhas) têm algum poder especial.
O protestantismo foi um dos
grandes catalisadores do fim da superstição da Idade Média, que havia sido
implementado por um catolicismo cada vez mais decadente. É só reexaminarmos a
história e veremos que, antes da Reforma, o mundo medieval era cheio de
fantasmas, duendes, gnomos, demônios, anjos e santos. O povo era ignorante,
extremamente supersticioso e não tinha acesso à leitura. A própria Igreja
Católica Romana fomentava e explorava isso. Foram os evangélicos que combateram
tudo isso, inclusive apoiados pelos humanistas da época.
Um exemplo de caso grave de
superstição é o caso da teologia da maldição hereditária, que declara
insuficiente a obra de Cristo na vida da pessoa, pois afirma que, depois de
salvo por Jesus, o cristão deve desenterrar o seu passado e o de seus
familiares para quebrar uma a uma todas as possíveis maldições que acometeram
seus ante-passados e que ainda repousariam sobre ele, se não a libertação não
será completa. Além de não ter base bíblica (2 Co 5.17), essa teologia defende
um princípio quase reencarnacionista, estabelecendo um carma na vida da pessoa
a partir de seus parentes. Fujamos de toda
a sorte de superstição. Que nossa fé seja absolutamente bíblica”
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